Folha de S.Paulo

As duas vagas de goleiro

- EDUARDO GERAQUE LUIZ COSENZO

Tite usará uma estratégia rara para o gol da seleção brasileira na Copa de 2018. O treinador deverá levar apenas jogadores da posição que nunca disputaram o torneio.

Sem contar 1930, primeiro Mundial, será a sexta vez em 20 participaç­ões do Brasil na Copa que isso ocorre. A seleção não teve goleiros com experiênci­a no torneio em 1934, 1938, 1950, 1970 e 1990.

Desde que Tite assumiu, em 2016, nenhum goleiro que tenha atuado na competição da Fifa foi convocado.

O técnico chamou sete jogadores para a posição. Alisson, Weverton e Diego Alves foram titulares. Cássio, Ederson, Marcelo Grohe e Alex Muralha ainda não jogaram.

Com o apoio de Tite e o aval do preparador de goleiros Taffarel, Alisson, 24, se consolida como titular da seleção a dez meses da Copa.

Situação inversa ao que viveu no seu clube, a Roma, na temporada passada, quando foi titular em apenas 15 jogos.

“A gente não vai conseguir agradar a todos”, diz Alisson. “Tendo mais oportunida­de no clube, as pessoas vão conhecer melhor o meu trabalho. A opinião [dos outros] não entra em campo”, diz.

Por ter jogado pouco, o goleiro até cogitou deixar o clube italiano. Uma conversa com a diretoria resolveu a questão. Ele é hoje titular.

Os outros goleiros convocados para os jogos contra Equador, na quinta (31), e Colômbia, nesta terça (5), jogaram mais na temporada.

Ederson, 24, que trocou o Benfica pelo Manchester City, atuou 40 vezes pela equipe portuguesa. Cássio, 30, é o titular do Corinthian­s, líder do Campeonato Brasileiro. ALISSON E MAIS DOIS reserva para o Mundial da Rússia seguem abertas.

A titularida­de de Alisson na seleção brasileira era algo inimagináv­el há três anos.

Ele era terceiro goleiro do Internacio­nal em 2014 e contou com a sorte para virar titular na reta final do Brasileiro, após a lesão do irmão Muriel e uma expulsão de Dida.

No ano seguinte, o destino mais uma vez o ajudou. Terceiro reserva da seleção nas eliminatór­ias, virou titular do time de Dunga após falha de Jefferson na derrota para o Chile e lesão de Marcelo Grohe.

Mas o hoje goleiro da Roma tem um outro exemplo de sucesso para se espelhar.

Em 2002, Felipão apostou em Marcos, que nunca havia ido a um Mundial e virou titular do gol da seleção a um ano da Copa. Antes de estrear nas eliminatór­ias, em junho de 2001, o palmeirens­e só havia jogado um amistoso pela seleção, em 1999.

A última vez que a equipe teve um trio de goleiros novatos foi em 1990. Taffarel foi o titular no gol. O Brasil saiu do Mundial da Itália após derrota

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