Janot manda rever delação da JBS e ameaça anular acordo
Novos áudios sugerem omissão de indícios de crime; interpretação é precipitada, diz empresa
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou a abertura de investigação que pode levar ao cancelamento da delação premiada de três executivos da J&F, dona da JBS.
De acordo com ele, há indícios de omissão de informações sobre crimes. O problema surgiu após a entrega à Procuradoria, na semana passada, de novos áudios feitos pelos delatores.
Em conversa de cerca de quatro horas entre Joesley Batista e o ex-diretor da empresa Ricardo Saud, haveria pistas de delitos praticados por agentes da Procuradoria, envolvendo também o Supremo Tribunal Federal.
“Áudios com conteúdo gravíssimo foram obtidos na quinta [31]”, disse Janot.
As gravações sugeririam conduta “em tese criminosa” do então procurador Marcelo Miller, próximo de Janot, que depois se associou a escritório contratado pela J&F.
Se ficar provada qualquer ilicitude, o acordo que deu imunidade penal a Joesley poderá ser anulado. Isso não invalida as provas até então oferecidas, segundo Janot.
Temer afirmou que recebeu a decisão “com serenidade”. Seu advogado, Antonio Mariz de Oliveira, defendeu que o procurador deixe de apresentar nova denúncia contra o presidente —esperada para os próximos dias.
Para a defesa dos executivos, a interpretação é precipitada e será esclarecida quando a gravação for mais bem examinada.