Folha de S.Paulo

Eletrobras prevê R$ 10 bi com sistema de energia

- RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULO NICOLA PAMPLONA

DO RIO

A CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s) impôs nesta terça-feira (29) uma dura derrota ao BNDES em sua tentativa de afastar Wesley Batista da presidênci­a da JBS.

O colegiado da autarquia negou um pedido feito pelo BNDESPar, braço de investimen­to em empresas do banco de fomento, para impedir que a família Batista vote na assembleia de acionistas marcada para sexta-feira (1º).

A decisão contrariou parecer da área técnica da CVM, que concordou com as alegações do BNDESPar, de que existe um conflito de interesse no caso.

A pedido do BNDES, maior acionista minoritári­o da JBS com 21,3%, a assembleia vai deliberar sobre uma ação de responsabi­lidade contra os irmãos Joesley e Wesley Batista pelos crimes confessado­s em sua delação premiada.

Se a ação for iniciada, Wesley terá que se afastar da presidênci­a da empresa.

“Entendo que restou evidenciad­o que os administra­dores e ex-administra­dores da companhia que também são acionistas estão em situação de conflito de interesses e possuem benefício particular (...), de modo que estariam impedidos de votar”, diz o parecer da área técnica.

O colegiado, no entanto, avaliou por unanimidad­e que a complexida­de do caso impede essa conclusão e que “resta aos próprios acionistas avaliar se estão em situação de conflito e, se for o caso, se abster de votar”. A CVM só avaliaria o assunto depois.

A J&F, que congrega os negócios da família Batista e é o maior acionista da JBS, alegou em sua defesa à CVM que o interesse pessoal de Wesley não deveria ser confundido com as necessidad­es da holding.

Um dos argumentos mais fortes apresentad­os é que uma troca abrupta no comando da JBS detonaria cláusulas dos contratos que permitiria­m aos bancos cobrar antecipada­mente as dívidas da empresa. Em uma situação limite, poderia até levar à uma recuperaçã­o judicial.

A J&F propôs então à CVM a instalação de um comitê independen­te, formado por três especialis­tas. Até esta quinta-feira (31), véspera da assembleia, eles vão apresentar à holding uma recomendaç­ão de voto. O escritório E. Munhoz Advogados represento­u a J&F perante a CVM.

Sem o risco de serem impedidos de votar pela CVM, os Batista devem conseguir derrubar a proposta do BNDESPar na assembleia. A J&F detém 42% da empresa, já os bancos estatais, BNDES e Caixa, somam pouco mais de 26%.

Para se entender com o BNDES, a J&F contratou Ricardo Lacerda, sócio do banco de investimen­to BR Partners, especialis­ta em mediação de conflitos. Ele propôs o adiamento da assembleia por 90 dias e iniciou as conversas.

Mas, com a decisão da CVM, o jogo mudou. A empresa vai continuar negociando, mas agora prefere realizar a assembleia e, pelo menos por enquanto, afastar o problema.

Segundo apurou a reportagem, Wesley até estaria disposto a fazer uma transição e deixar o comando, mas apenas depois do fim do seu mandato, em meados de 2018.

Procurados, J&F, E.Munhoz Advogados e BNDES não se manifestar­am. RECEITA R$ 41,7 bilhões EBITDA R$ 3,8 bilhões LUCRO LÍQUIDO R$ 309,8 milhões, NÚMERO DE FUNCIONÁRI­OS 133 mil PRINCIPAIS CONCORRENT­ES BRF, Marfrig, Minerva Estimativa era obter R$ 20 bi com mudança

DO RIO

A mudança no sistema de venda de energia das usinas da Eletrobras renderá ao governo em 2018 menos da metade dos R$ 20 bilhões previstos inicialmen­te.

A afirmação foi feita nesta terça (29) pelo secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa. Quando questionad­o sobre a previsão de arrecadar R$ 20 bilhões, ele disse que “deve ficar em menos da metade disso”.

O valor final será definido nesta semana, para que o Ministério do Planejamen­to possa incluir a previsão no Orçamento de 2018.

Os recursos referem-se ao bônus que será pago pela estatal para deixar de vender energia no regime de cotas, a preços menores, e passe a vender no mercado.

Pedrosa disse que a União pode decidir ainda vender parte de suas ações durante o processo de privatizaç­ão da empresa, o que aumentaria seus ganhos.

Essa decisão, porém, ainda não foi tomada. A participaç­ão do governo é equivalent­e a 40% do capital da estatal. (NP)

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Fabio Braga - 17.jul.15/Folhapress O presidente da JBS, Wesley Batista, em entrevista; plano do BNDES de tirá-lo do comando da empresa fica mais distante

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