Folha de S.Paulo

‘País do gelo’ tem museu punk no banheiro

Local conta história do estilo, com guitarras e informaçõe­s sobre diferentes bandas instaladas ao lado de vasos

- FERNANDA EZABELLA

Linha do tempo termina com uma das bandas da islandesa Björk, figura controvers­a para os roqueiros locais FOLHA,

No subterrâne­o de um antigo banheiro público feminino, no centro turístico de Reykjavík, capital da Islândia, um punk de cabelos espetados e roupas de couro rasgadas recebe visitantes com um sorriso amarelo.

Ele para de tocar guitarra e se levanta para avisar o preço da entrada para os quatro banheiros e a sala principal, reformados para abrigar o Pönksafn Íslands —ou Museu do Punk Islandês.

Com textos colados nas paredes de azulejo branco e televisore­s instalados ao lado de privadas, o museu conta a história da cena musical no país desde 1978, quando o primeiro show de punk reuniu 4.000 pessoas (ou 2% da população) para ver a banda inglesa The Stranglers, causando forte influência nos músicos e rebeldes locais.

“O principal era ser do contra. A gente odiava tudo”, diz Svarti Álfur, apelidado de Black Elf, que passa os dias tomando conta do museu. “Quando descobrimo­s Sex Pistols e vimos The Stranglers, percebemos que não gostavam deles. Então decidimos o que queríamos ser.”

Um ano depois, surgia o primeiro EP de punk islandês, “False Death”, da banda Fraebbblar­nir. O museu também dá espaço a Bubbi Morthens, que abriu o show para o The Clash em 1980 e virou um dos principais nomes do movimento. É possível ouvir discos em fones pendurados no teto do banheiro.

A linha do tempo termina no começo dos anos 1990 com o fim do Sugar Cubes, uma das bandas de Björk, figura polêmica na comunidade.

“Ela nunca foi punk, ainda que todos seus amigos fossem. Ela sempre teve tudo na bandeja, ajuda do pai, contatos. Mas a respeitamo­s”, disse Álfur, belga que foi aos 15 anos para a Islândia e fez parte de várias bandas.

O museu vende suvenires, como duas fitas K7 (que vem com opção de MP3), e o visitante é encorajado a tirar fotos com guitarra, jaqueta de couro e bateria.

Após um ano de reformas, o espaço reabriu em novembro, com visita de John Lydon, ex-Johnny Rotten dos Sex Pistols. Construído em 1930, o banheiro subterrâne­o foi cooptado por um grupo de punks da velha guarda que

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Fotos Fernanda Ezabella/Folhapress Svarti Álfur, guia do espaço e quem toma conta do museu instalado dentro de um banheiro público, em Reykjavík
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Entrada do museu do punk, na capital da Islândia

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