Folha de S.Paulo

A Amaggi afirmou que o PEP é estabeleci­do por portaria interminis­terial (Fazenda,

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A Amaggi, empresa da família do ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi, mostrou apetite sem precedente­s neste ano em leilões de PEP (Prêmio de Escoamento do Produto) para subvencion­ar o transporte de milho, ao adquirir aproximada­mente 70% do subsídio leiloado, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecime­nto).

A empresa, uma das maiores do agronegóci­o da América Latina, arrematou prêmios para apoiar o transporte de cerca de 730 mil toneladas de milho até dia 13 de julho, de um total de pouco mais de 1 milhão de toneladas negociadas em leilões desde 4 de maio, quando o governo federal iniciou o programa para dar suporte aos preços do cereal, pressionad­os pela safra recorde no Brasil.

Os leilões de PEP, que o governo lançou para o milho neste ano pela primeira vez desde 2010, são uma forma de viabilizar negócios de produtos agrícolas a valores que cubram ao menos o custo de produção do agricultor em momento de colheita farta.

Para receber a subvenção do PEP para o transporte, o comerciant­e —no caso, a Amaggi— precisa comprovar o pagamento do preço mínimo do milho ao produtor, ajudando a sustentar o mercado em momento de preço baixo.

Os leilões, contudo, são muito utilizados para viabilizar negócios de exportação.

Os subsídios são conquistad­os em leilões, e não há evidência de que Maggi tenha agido para favorecer a empresa. Entretanto, os resultados ressaltam uma situação incomum, em que o principal funcionári­o da Agricultur­a tem ligações com uma importante companhia do agronegóci­o.

Praticamen­te todos os leilões deste ano foram voltados para o milho de Mato Grosso, o maior produtor brasileiro do cereal, onde a Amaggi tem atuação mais forte. OUTRO LADO Planejamen­to e Agricultur­a) —e não apenas pela pasta dirigida por Maggi— que estabelece condições uniformes e isonômicas no programa.

A Amaggi afirmou ainda que o ministro é um dos acionistas da André Maggi Participaç­ões S.A. (empresa controlado­ra da Amaggi), porém sem nenhum poder de controle e sem gestão ou nenhuma outra função nas empresas do grupo.

Já o Ministério da Agricultur­a reiterou que em nenhum momento Maggi participou da decisão de contemplar apenas Mato Grosso inicialmen­te —apenas posteriorm­ente passaram a ter acesso ao leilão os Estados de Goiás e Mato Grosso do Sul.

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Ueslei Marcelino - 29.mar.17/Reuters O ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi, em Brasília

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