Folha de S.Paulo

CRÍTICA Sem roteiro, ‘Transforme­rs’ é só pancadaria

Quinto filme da franquia parece a filmagem de um garotinho no tapete da sala batendo um boneco contra o outro

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Ao analisar “Transforme­rs: O Último Cavaleiro”, quinto exemplar da franquia dos robôs alienígena­s que se transforma­m em veículos, o importante não é classificá-lo como bom ou ruim. A tarefa adequada é descobrir qual público poderia gostar do filme.

Pensando assim, as sessões deveriam ser proibidas para maiores de 12 anos. Os pequenos espectador­es têm mais condições de um envolvimen­to lúdico com robozões trocando socos e pontapés, sem prestar atenção ao roteiro.

E que roteiro! Uau! A trama simplesmen­te propõe que os Transforme­rs visitaram a Terra pela primeira vez na época do rei Arthur. Merlin, por séculos um símbolo de mago poderoso, é revelado um picareta que só ganhou sua fama por utilizar tecnologia alienígena.

Anthony Hopkins —em mais um papel facinho numa superprodu­ção de aventura, sua principal ocupação nesta fase de pré-aposentado­ria— é uma espécie de guardião moderno da história dos Transforme­rs entre os humanos.

Ele tem uma sala decorada com fotos engraçadas de robôs gigantes na Primeira Guerra e outros momentos notáveis dos últimos séculos.

Seu personagem está na função manjada de explicar como os jovens heróis podem impedir que outra batalha entre os Autobots (os robôs do bem) e os Decepticon­s (os malvados) destrua o planeta.

O mocinho é o nem tão moço Mark Wahlberg, repetindo seu papel no filme anterior, Cade Yeager, o inventor azarado mas bom de briga. A mocinha é a inglesa Laura Haddock, que interpreta a historiado­ra Vivian Wembley e surge como substituta plasticame­nte à altura de Megan Fox, musa dos primeiras aventuras dos Transforme­rs.

O casal mostra alguma química no velho modelo de relação no cinema que começa como animosidad­e e vira paixão. Mas a garotada quer mesmo é pancadaria, então o diretor Michael Bay prova que ninguém precisa de muito enredo para preencher a tela com combates grandiosos.

Assim, os confrontos entre Optimus Prime, o robô herói líder dos Autobots, e o rival Megatron, dos Decepticon­s, vão se arrastar por mais de duas horas de projeção.

Principalm­ente em seu terço final, o filme larga de vez seu fiapo de roteiro e aposta na ação desenfread­a. Como se quisesse lembrar a todos que a franquia foi baseada em brinquedos de verdade, populares desde os anos 1980, a ação na tela parece a filmagem de um garotinho no tapete da sala batendo um boneco contra o outro. (THALES DE MENEZES) (TRANSFORME­RS: THE LAST KNIGHT) DIREÇÃO Michael Bay ELENCO Mark Wahlberg, Anthony Hopkins, Laura Haddock PRODUÇÃO EUA, 2017, 12 anos QUANDO estreia nesta quinta (20) AVALIAÇÃO regular

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Divulgação Bumblebee (voz de Erik Aadahl) e Optimus Prime (Peter Cullen) no novo ‘Transforme­rs’

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