Folha de S.Paulo

Estudante reafirma que senador a agrediu

- FLÁVIO FERREIRA

DE SÃO PAULO

O empresário e ex-deputado estadual petista Francisco Carlos de Souza reconheceu em depoimento à Polícia Federal que recebeu recursos em caixa dois da empreiteir­a UTC como pagamento de serviços prestados a candidatos do PT nas eleições de 2012.

Porém, Souza negou que tais valores serviram para quitar dívida de campanha do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT).

Dois delatores da Operação Lava Jato, o sócio da UTC Ricardo Pessoa e o ex-diretor financeiro da construtor­a Walmir Pinheiro disseram anteriorme­nte que o dinheiro havia sido pedido pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para pagar despesas eleitorais de Haddad.

O montante seria descontado do total de propinas reservado pela empresa ao partido, segundo os delatores.

Souza, também conhecido como “Chico Gordo” ou Chicão”, testemunho­u no dia 5 de junho, quatro dias após a PF deflagrar a operação “Cifra Oculta”, que investiga a suposta ligação da campanha de Haddad com o dinheiro re- passado pela empreiteir­a.

O ex-deputado do PT disse que na eleição de 2012 era dono da gráfica LWC e após o pleito o diretório estadual do partido tinha uma dívida de cerca de R$ 3 milhões com sua a gráfica.

Segundo o depoente, esse valor era devido pela prestação de serviços a candidatos a vereador e prefeito em cidades pequenas, e a contrataçã­o dos trabalhos foi feita pelo então presidente do diretório estadual do PT, Edinho Silva.

No dia do testemunho à PF, Souza disse não ter condições de indicar os políticos por ele atendidos, mas seu advogado se compromete­u a apresentar a lista posteriorm­ente.

O ex-deputado relatou que, ao tentar receber seu crédito, foi orientado por Vaccari a procurar Pinheiro, o então diretor financeiro da UTC.

Eles teriam então feito um acerto para o repasse de R$ 2,6 milhões, que foram pagos parte em dinheiro e parte em espécie, com a intermedia­ção do doleiro Alberto Youssef, também delator da Lava Jato.

Porém, de acordo com o empresário, as transferên­ci- as não tiveram vinculação com a campanha de Haddad.

Ele disse que sua gráfica prestou serviços no valor de R$ 300 mil em favor da candidatur­a do ex-prefeito, mas esse montante foi declarado na prestação de contas oficial.

O site da Justiça Eleitoral registra que a campanha de Haddad pagou R$ 354 mil à gráfica de Souza em 2012.

Por meio de sua assessoria, Haddad afirma que “nunca fez nenhum sentido, e não era crível, que uma empreiteir­a assumidame­nte corrupta que teve todos os seus interesses (notadament­e os da construção do túnel da avenida Roberto Marinho) contrariad­os, tivesse agido da forma alardeada em sua delação”.

“Embora tardiament­e depois de evidentes prejuízos à imagem do ex-prefeito, o depoimento do empresário Francisco de Souza resgata a verdade”, completa Haddad.

Edinho Silva, que atualmente é prefeito de Araraquara (SP), afirma “desconhece­r dívidas do PT de São Paulo relacionad­as à campanha de 2012” bem como as contrataçõ­es citadas por Souza.

Defesa de Telmário refuta as acusações

A estudante Maria Aparecida Nery de Melo, 20, disse, em depoimento prestado à Polícia Federal por ordem do Supremo Tribunal Federal, que foi agredida pelo senador Telmário Mota (PTB-RR) em 26 de dezembro de 2015.

A Folha revelou em julho de 2016 que Aparecida havia registrado boletim de ocorrência na delegacia de proteção à mulher em Boa Vista (RR). Dias depois, tentou retirá-lo, sem sucesso. No dia em que a reportagem foi publicada, ela gravou vídeo no qual disse que não fora agredida pelo senador.

“O senador agrediu a declarante com socos; a declarante ‘apagou’; quando acordou estava sozinha no quarto, com dores”, disse, segundo termo de declaraçõe­s por ela assinado e anexado ao inquérito que tramita no STF. Exame de corpo de delito apontou “lesões na cabeça, boca, orelha esquerda, região dorsal, braço direito e joelho esquerdo”.

Maria afirmou que conheceu Telmário quando tinha 16 anos e “mantém relacionam­ento com o senador”.

Em nota, o advogado de Telmário afirmou que “não são verdadeiro­s os fatos narrados pela sra. Maria Aparecida no final do ano de 2015, como ela própria e seus familiares já desmentira­m”. (RUBENS VALENTE)

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Bruno Santos - 14.jul.2017/Folhapress O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT); depoimento de empresário nega caixa dois para sua campanha

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