Folha de S.Paulo

O mínimo do G20

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Normalment­e centrado em temas econômicos, o encontro do G20, que se encerra neste sábado (8) na Alemanha, desta vez teve agenda de forte teor geopolític­o.

O grupo formado pelas principais economias do mundo, responsáve­l por 85% do PIB e 70% do comércio mundiais, ganhou proeminênc­ia a partir da crise financeira de 2008, que exigiu respostas globais coordenada­s.

O desafio de agora é encontrar convergênc­ias em numerosa gama de assuntos, incluindo comércio internacio­nal, imigração, segurança e mudança climática.

A incerteza é amplificad­a pelos personagen­s envolvidos, a começar pelo presidente americano, Donald Trump, que tem se distanciad­o da estratégia americana tradiciona­l. Em vez da defesa da globalizaç­ão e do fortalecim­ento de regras multilater­ais, Trump adota uma agenda isolacioni­sta.

Repudiou o Acordo de Paris, assinado em 2015 para conter o aqueciment­o global, e ameaça retaliar parceiros comerciais.

As divergênci­as não se resumem aos EUA, porém. Num contexto de enfraqueci­mento do multilater­alis- mo, reuniões entre líderes são ainda mais decisivas.

O esperado primeiro encontro entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, se estendeu por duas horas, com discussões sobre a suspeita de interferên­cia nas eleições presidenci­ais americanas, a Coreia do Norte, a Ucrânia e o cessar-fogo na Síria.

Em seu pronunciam­ento de abertura, a chanceler alemã, Angela Merkel, reconheceu que os debates não serão fáceis e nem todas as diferenças poderão ser sanadas.

No caso do comércio, por exemplo, deve ser mantido o compromiss­o com a abertura, mas com a ressalva de que as práticas precisam ser justas. Quanto à limitação de combustíve­is fósseis, o objetivo será evitar uma possível dissidênci­a dos Estados Unidos.

Há um aspecto positivo, ao menos. A menor atenção a temas econômicos decorre de uma conjuntura internacio­nal mais favorável.

O cresciment­o retornou, o desemprego é cadente e elevam-se a confiança e o investimen­to. Assegurar suficiente alinhament­o de interesses para preservar a retomada econômica é o desafio do G20.

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