Assembleia de SP planeja gastar R$ 35 mi em campanha publicitária
Legislativo pretende lançar edital para contratar agência e diz que é preciso ‘política de comunicação’
Iniciativa inédita teria como objetivo anunciar criação de aplicativo para cidadão fiscalizar os gastos públicos
A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) prepara a contratação inédita de uma agência de publicidade. Serão R$ 35 milhões por ano para divulgar a Casa na mídia.
Apresentado pelo Departamento de Comunicação, o projeto recebeu parecer positivo do departamento de planejamento da Casa e, agora, está em fase de preparação do edital.
Para ir adiante, precisa de aprovação da Mesa Diretora —como se trata de um tema administrativo da Casa, não precisa passar por plenário.
“O que há neste momento é um estudo de viabilidade para contratação de agência de publicidade para a Assembleia Legislativa de São Paulo. A solicitação, feita pelo departamento de comunicação, não foi sequer objeto de discussão pela Mesa Diretora”, afirma Matheus Granato, diretor de Comunicação da Assembleia.
A intenção foi revelada pela colunista da Folha Mônica Bergamo no último dia 27.
Granato diz que a proposta quer dar ao Legislativo uma “política de comunicação institucional, como nos demais poderes.”
Os reclames da Alesp, segundo Granato, terão “finalidade exclusiva” de divulgar um aplicativo de transparência batizado de Fiscaliza Cidadão: “É dever constitucional dar publicidade aos atos”, diz ele.
O programa foi uma das promessas de Cauê Macris (PSDB), que assumiu a presidência do Legislativo paulista em março.
Desde então, a Casa reforçou sua estratégia de comu- nicação. Lançou uma agência de notícias, começou a transmitir as sessões pelo Facebook, inaugurou um perfil no Instagram e trocou a equipe do setor de imprensa.
Nos perfis pessoais, Macris tem aparecido em vídeos com a hashtag #avantesp.
Conversa ao vivo com os seguidores, fala dos rumos do Brasil e anunciar novidades, como a pavimentação de rodovias.
O #avançasp do prefeito paulistano João Doria é um um exemplo ao presidente da Assembleia, como ele disse à Folha após ser eleito.
“Sinto que ele [Doria] está tentando aproximar [da população] a comunicação e isso temos que trazer para o Legislativo”, declarou Cauê Macris, à época.
Os R$ 35 milhões estimados não virão das previsões da Assembleia (R$ 1,13 bilhão neste ano), mas do Fundo Especial de Despesa, com recursos de aluguéis dos espaços da Assembleia —restauran- tes do prédio, por exemplo— e a venda da folha de pagamento dos funcionários.
O fundo, segundo Granato, conta com mais de R$ 50 milhões.
A lei estadual que criou o Fundo Especial afirma que ele deve garantir a “modernização administrativa”, o “aperfeiçoamento profissional dos servidores”, financiar “programas de esclarecimentos à sociedade” ou para custear serviços e materiais. REBELDES Ao mesmo tempo em que avalia como melhorar a imagem do Palácio 9 de Julho, sede da Assembleia, Macris tem adotado discurso de austeridade: passou a desligar as luzes do prédio às 22h e cortou cafeteiras no prédio.
Do lado político, o governo vinha segurando a liberação de emendas parlamentares, ressabiando inclusive deputados da base aliada.
Na pressão por recursos, os deputados paulistas começaram a faltar a votações de projetos urgentes do governo Geraldo Alckmin (PSDB), que normalmente não encontra dificuldades para aprovar matérias de seu interesse.
Para destravar a pauta, o líder do governo, Barros Munhoz (PSDB), negociou a liberação de recursos ao longo da semana.
Na quarta (28), um projeto que facilita a alienação de imóveis do Estado foi aprovado por 66 dos 74 deputados presentes.
DE SÃO PAULO
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou, nesta segunda-feira (3), da timidez do PT de São Paulo na oposição ao governo do tucano Geraldo Alckmin e na defesa do partido.
Reunido com as bancadas do partido em São Paulo, Lula afirmou que os petistas têm aliviado a administração Alckmin e gastado muita energia nas críticas à gestão do prefeito João Doria, também do PSDB.
Segundo participantes da reunião, Lula ponderou que, nos primeiros seis meses de mandato, os governantes são bem avaliados. Após fazer uma enquete com os prefeitos presentes ao encontro, o o ex-presidente disse que Doria é um exemplo dos administradores que gozam de grande popularidade no início da gestão.
Mas que Alckmin tem sido poupado. Por isso, seu governo deve ser dissecado.
Na reunião, Lula debitou o resultado negativo do partido nas eleições de 2016 na conta dos petistas que se deixaram intimidar no ano passado e não foram às ruas em defesa da sigla.
Ele repetiu que não se deve ter vergonha de defender o partido.
“Na dúvida e no aperto, a rua é o melhor caminho”, disse o ex-presidente.