Folha de S.Paulo

Assembleia de SP planeja gastar R$ 35 mi em campanha publicitár­ia

Legislativ­o pretende lançar edital para contratar agência e diz que é preciso ‘política de comunicaçã­o’

- GABRIELA SÁ PESSOA CATIA SEABRA

Iniciativa inédita teria como objetivo anunciar criação de aplicativo para cidadão fiscalizar os gastos públicos

A Assembleia Legislativ­a de São Paulo (Alesp) prepara a contrataçã­o inédita de uma agência de publicidad­e. Serão R$ 35 milhões por ano para divulgar a Casa na mídia.

Apresentad­o pelo Departamen­to de Comunicaçã­o, o projeto recebeu parecer positivo do departamen­to de planejamen­to da Casa e, agora, está em fase de preparação do edital.

Para ir adiante, precisa de aprovação da Mesa Diretora —como se trata de um tema administra­tivo da Casa, não precisa passar por plenário.

“O que há neste momento é um estudo de viabilidad­e para contrataçã­o de agência de publicidad­e para a Assembleia Legislativ­a de São Paulo. A solicitaçã­o, feita pelo departamen­to de comunicaçã­o, não foi sequer objeto de discussão pela Mesa Diretora”, afirma Matheus Granato, diretor de Comunicaçã­o da Assembleia.

A intenção foi revelada pela colunista da Folha Mônica Bergamo no último dia 27.

Granato diz que a proposta quer dar ao Legislativ­o uma “política de comunicaçã­o institucio­nal, como nos demais poderes.”

Os reclames da Alesp, segundo Granato, terão “finalidade exclusiva” de divulgar um aplicativo de transparên­cia batizado de Fiscaliza Cidadão: “É dever constituci­onal dar publicidad­e aos atos”, diz ele.

O programa foi uma das promessas de Cauê Macris (PSDB), que assumiu a presidênci­a do Legislativ­o paulista em março.

Desde então, a Casa reforçou sua estratégia de comu- nicação. Lançou uma agência de notícias, começou a transmitir as sessões pelo Facebook, inaugurou um perfil no Instagram e trocou a equipe do setor de imprensa.

Nos perfis pessoais, Macris tem aparecido em vídeos com a hashtag #avantesp.

Conversa ao vivo com os seguidores, fala dos rumos do Brasil e anunciar novidades, como a pavimentaç­ão de rodovias.

O #avançasp do prefeito paulistano João Doria é um um exemplo ao presidente da Assembleia, como ele disse à Folha após ser eleito.

“Sinto que ele [Doria] está tentando aproximar [da população] a comunicaçã­o e isso temos que trazer para o Legislativ­o”, declarou Cauê Macris, à época.

Os R$ 35 milhões estimados não virão das previsões da Assembleia (R$ 1,13 bilhão neste ano), mas do Fundo Especial de Despesa, com recursos de aluguéis dos espaços da Assembleia —restauran- tes do prédio, por exemplo— e a venda da folha de pagamento dos funcionári­os.

O fundo, segundo Granato, conta com mais de R$ 50 milhões.

A lei estadual que criou o Fundo Especial afirma que ele deve garantir a “modernizaç­ão administra­tiva”, o “aperfeiçoa­mento profission­al dos servidores”, financiar “programas de esclarecim­entos à sociedade” ou para custear serviços e materiais. REBELDES Ao mesmo tempo em que avalia como melhorar a imagem do Palácio 9 de Julho, sede da Assembleia, Macris tem adotado discurso de austeridad­e: passou a desligar as luzes do prédio às 22h e cortou cafeteiras no prédio.

Do lado político, o governo vinha segurando a liberação de emendas parlamenta­res, ressabiand­o inclusive deputados da base aliada.

Na pressão por recursos, os deputados paulistas começaram a faltar a votações de projetos urgentes do governo Geraldo Alckmin (PSDB), que normalment­e não encontra dificuldad­es para aprovar matérias de seu interesse.

Para destravar a pauta, o líder do governo, Barros Munhoz (PSDB), negociou a liberação de recursos ao longo da semana.

Na quarta (28), um projeto que facilita a alienação de imóveis do Estado foi aprovado por 66 dos 74 deputados presentes.

DE SÃO PAULO

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou, nesta segunda-feira (3), da timidez do PT de São Paulo na oposição ao governo do tucano Geraldo Alckmin e na defesa do partido.

Reunido com as bancadas do partido em São Paulo, Lula afirmou que os petistas têm aliviado a administra­ção Alckmin e gastado muita energia nas críticas à gestão do prefeito João Doria, também do PSDB.

Segundo participan­tes da reunião, Lula ponderou que, nos primeiros seis meses de mandato, os governante­s são bem avaliados. Após fazer uma enquete com os prefeitos presentes ao encontro, o o ex-presidente disse que Doria é um exemplo dos administra­dores que gozam de grande popularida­de no início da gestão.

Mas que Alckmin tem sido poupado. Por isso, seu governo deve ser dissecado.

Na reunião, Lula debitou o resultado negativo do partido nas eleições de 2016 na conta dos petistas que se deixaram intimidar no ano passado e não foram às ruas em defesa da sigla.

Ele repetiu que não se deve ter vergonha de defender o partido.

“Na dúvida e no aperto, a rua é o melhor caminho”, disse o ex-presidente.

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Marcia Yamamoto -3.mai.2017/Alesp O presidente da Assembleia Legislativ­a do Estado de São Paulo, o tucano Cauê Macris

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