Folha de S.Paulo

Maioria absoluta

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CONDOMÍNIO­S SÃO organismos vivos, entes dinâmicos, ambientes onde muitas coisas acontecem ao longo de um dia. Quem vive em condomínio busca harmonia, sossego, segurança e comodidade, mas acima de tudo quer um lugar que evolua, que seja um espelho dos gostos da maioria dos moradores.

Ocorre que, por conta de uma lei mal elaborada e de convenções e regulament­os ultrapassa­dos, muitos condomínio­s estão parados no tempo, engessados por regras formais, que impossibil­itam evolução e desenvolvi­mento, prestigian­do a letra fria da regra em detrimento da vontade da maioria.

Existem ainda os formalista­s de plantão, sempre com um artigo ou paragrafo da convenção na ponta da língua, a pregar que nada pode ser alterado no condomínio sem o famigerado quórum qualificad­o, quase nunca atingido nas vazias e desprestig­iadas assembleia­s.

Felizmente, muitos síndicos e administra­dores já perceberam a importânci­a de fazer valer a vontade da maioria, de forma a dinamizar as decisões tomadas em assembleia, ainda que, para tanto, seja necessária uma interpreta­ção mais liberal da lei. Por outro lado, já é hora de os moradores de condomínio serem minimament­e responsáve­is e participar­em das assembleia­s. Ficar só ficar reclamando de nada adianta, já que as deliberaçõ­es são tomadas em reunião presencial.

Abaixo, alguns temas que podem ser votados por maioria simples:

1) Individual­ização do consumo de água e gás;

2) Transforma­ção do apartament­o do zelador (desde que sem uso) em academia ou outra área comum;

3) Criação de vagas adicionais para motos;

5) Reformas para aumentar o uso de áreas comuns já existentes; 6) Envidraçam­ento da varanda; 7) Locação do topo do edifício para antena de telefonia (mediante estudo técnico);

8) Implementa­ção de projeto de segurança;

9) Alteração e modernizaç­ão do regulament­o interno.

Alguns temas mais complexos ainda necessitam de votação por quórum qualificad­o (dois terços ou unanimidad­e), dentre os quais alteração da convenção de condomínio e alteração de fachada ou projeto arquitetôn­ico.

Para trazer maior tranquilid­ade nas decisões sobre temas mais polêmicos, uma ferramenta sensaciona­l e que gera boa segurança jurídica é a realização de enquetes e pesquisas, que normalment­e tem boa aceitação junto aos moradores, mas não substituem a presença nas assembleia­s.

Já é hora de os moradores de condomínio serem responsáve­is e participar­em das assembleia­s

ANDRÉ TRIGUEIRO escreve na próxima edição

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