Folha de S.Paulo

A esse modelo econômico perverso que trata o forró como música de segunda.”

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TRADIÇÃO E NEGÓCIO O São João se tornou ponto alto da economia das cidades do Nordeste. De maior ou menor porte, acontecem em quase todos municípios da região. As tradiciona­is são em Caruaru (PE) e Campina Grande (PB). Na Bahia, Amargosa, Cruz das Almas e Senhor do Bonfim dividem o reinado.

A prefeitura de Caruaru estima que 2,5 milhões de pessoas passem pelos 17 palcos onde acontecem mais de 400 apresentaç­ões neste mês. Em Campina Grande, hotéis já estão lotados e casas de moradores alugadas para atender a demanda dos turistas.

Diante da proporção que as festas ganharam, as prefeitura­s defendem a convivênci­a de atrações tradiciona­is com outros artistas. O objetivo, segundo os gestores, é atrair patrocinad­ores e garantir a sustentabi­lidade do São João, que chega a custar R$ 12 milhões por cidade.

“Precisamos ter atrações de sucesso que atraiam mais público e garantam o retorno financeiro. No final, são os grandes artistas que acabam bancando os pequenos”, disse o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB).

Presidente da Fundação de Cultura de Caruaru (PE), Lúcio Omena diz que, dos 400 artistas na programaçã­o do São João, 75% são locais. Ele defende, porém, que a cidade abrace outros ritmos. “A gente não pode ser inquisidor”, diz. Ele conta ter negociado com o DJ Alok para que parte de sua apresentaç­ão seja com músicas de forró.

O setor hoteleiro também defende o formato “festival de ritmos variados” para o São João e comemora os bons números em plena crise. Os hotéis de Pernambuco registram quase 90% de lotação.

“As atrações de renome nacional ajudam o setor. O jovem vem para assistir aos shows e os pais o acompanham”, observa Eduardo Cavalcanti, vice-presidente da Associação

Dinheiro de cultura é para cultura. Os prefeitos se venderam a esse modelo econômico que trata forró como música de segunda

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