Folha de S.Paulo

Governo tem apenas 52% da área do parque

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DO ENVIADO A ITATIAIA (RJ)

Bairros rurais, esqueletos de hotéis abandonado­s e outros prédios em funcioname­nto. Dezenas de casas de veraneio. Fazendas.

A regulariza­ção fundiária é um dos grandes problemas que pressionam a mata atlântica do Parque Nacional de Itatiaia, no Estado do Rio.

Para uma área que está prestes a completar 80 anos de idade, seria natural que todas as terras do parque estivessem em posse do poder público. Mas isso ainda está muito longe de ocorrer.

Apesar de ter havido avanço nos últimos anos, hoje só 52% das áreas do parque nacional mais antigo do Brasil estão com o governo federal.

“Podemos estimar que, nos próximos dez anos, mais de 90% das terras do parque estarão com o Estado”, diz Gustavo Tomzhinski, chefe do parque mais antigo do Brasil.

Segundo ele, grande parte das terras está sendo comprada com dinheiro vindo de processos de compensaçã­o ambiental. Ou seja, de pessoas físicas ou jurídicas que precisam reparar seus danos feitos ao meio ambiente.

Mas haverá ainda muita negociação com quem vive dentro do parque, complement­a Tomzhinski. (EG)

A chamada parte alta é o local de natureza tido por muitos como um dos mais belos do país. Se, embaixo, a floresta está a menos de 1.000 m de altura, na chamada parte alta, nos campos de altitude, tudo fica acima de 2.000 m do nível do mar.

Domina a paisagem, em dias claros sem nuvens ou neblina, os picos das Prateleira­s e das Agulhas Negras, duas formações geológicas inesquecív­eis. Há 70 milhões de anos, indicam os geólogos, houve uma explosão vulcânica na serra da Mantiqueir­a.

O magma acabou se resfriando e endurecend­o. Somase a isso a erosão das partes moles das rochas. Tem-se o pico das Agulhas Negras, a 2.791 metros. O vulcão, hoje morto, quando ativo deveria estar a uns 5.000 metros.

“O ponto alto do parque é o poder que tem de atrair as pessoas”, diz Gustavo Tomzhinski, chefe do parque, que é administra­do pelo ICMBio.

Para quem procura uma observação mais intensa da natureza, os dias de semana são os ideais para a visita. Nos últimos dois anos, mais de 250 mil pessoas conheceram o Itatiaia —menos de 10% em dias úteis.

No alto, ao longo das trilhas suaves que levam à base do pico das Agulhas Negras (é possível subir ao cume por meio de escaladas guiadas), novamente o modo natureza precisa estar ligado.

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