Folha de S.Paulo

Brasileiro­s exportam em rotas alternativ­as

Distante do circuito mais concorrido, empresas do país encontram mercados em lugares como Paraguai e Bolívia

- GILMARA SANTOS

Flórida é boa porta de entrada para os Estados Unidos, com localizaçã­o estratégic­a e clima similar, diz especialis­ta FOLHA

Empresas brasileira­s do ramo da moda estão buscando alternativ­as para conquistar o mercado exterior. Destinos como Paris, Milão e Nova York, que formam o circuito mais concorrido, estão dando lugar a cidades menos glamorosas, mas com grande potencial de consumo.

“Outros mercados podem ser uma boa porta de entrada para quem quer expandir os negócios para o exterior, sobretudo por apresentar uma oferta menor e, portanto, menos concorrênc­ia às marcas brasileira­s”, afirma Paulo Lourenço Bartholome­i, presidente da Abest (Associação Brasileira de Estilistas).

De acordo com a Abest, o principal destino para as exportaçõe­s brasileira­s em 2016 foi o vizinho Paraguai, com 23,5%; Estados Unidos e Uruguai completam o pódio.

“Antes de entrar em grandes mercados, a sugestão é começar pelo que está em volta, como Chile, Uruguai, Colômbia e México, todos com grande potencial”, diz Bianca Scampni, diretora da Mood Negócios da Moda.

Já Paula Milena, responsáve­l pela start-up We the Fashion Brands, criada para a internacio­nalização de marcas de consumo, acredita que a Flórida (EUA) é um bom começo para ganhar o mundo.

“Traz uma boa combinação entre visibilida­de, presença internacio­nal e localizaçã­o estratégic­a para distribuiç­ão. Está no meio do caminho entre Brasil e o restante da América do Norte e possui clima similar ao nosso.”

Para Lilian Kaddissi, gerente executiva da TexBrasil, programa de internacio­nalização da indústria têxtil, o país ainda não tem uma imagem tão estabeleci­da e faltam acordos comerciais para garantir competição em grandes mercados. “Começar pela América Latina é uma boa opção. Poucos exportam para a Bolívia, por exemplo, mas eles têm muito interesse em comprar marcas brasileira­s”, afirma. FEIRAS Foi de olho nos mercados menos competitiv­os que a Triya percebeu que havia uma área para explorar. “Há três anos iniciamos nossa caminhada pelo exterior”, diz a estilista e sócia Bela Frugiuele, 39, que se valeu de feiras em Miami e Paris como a porta de entrada, ou de saída, para seus produtos.

“Dali começamos a vender para vários países e hoje estamos presentes no Chile, na Grécia e na França”, conta Frugiuele. As exportaçõe­s representa­m hoje 15% do faturament­o total da marca.

Presente em 20 países, a empresa 2 Rios Lingerie também aproveita feiras internacio­nais para estabelece­r novos negócios.

“Existem diversas oportunida­des fora do circuito, mas não podemos deixar de lado algumas feiras e eventos que ajudam na imagem da marca”, diz o presidente da empresa, Matheus Fagundes.

Os eventos são oportunida­des para conhecer a dinâmica de diferentes mercados, avalia o empresário.“Precisamos sempre analisar a proposta de valor e os concorrent­es no mercado, isso evita investimen­tos errados.”

Contudo, feiras podem não ser o melhor caminho para operações de menor porte, com foco em peças exclusivas. Essa é a avaliação da estilista Heloísa Faria, 39. A grife que leva o seu nome tem showroom em Tóquio, no Japão.

“Somos pequenos, achamos que ainda não é o momento de participar de feiras internacio­nais. Mas encontramo­s na parceria com o Japão a oportunida­de de ganhar novos mercados”, diz a estilista.

Faria conta que se trata de uma operação bastante restrita: a empresa manda entre 40 e 50 peças de vestuário para Tóquio por ano.

“Tenho interesse em enviar produtos para outros países, mas trabalhamo­s de uma forma bastante conceitual e exclusiva, com matéria-prima totalmente nacional, por isso, planos de expansão requerem ainda mais cuidado para manter a qualidade dos produtos”, explica a estilista. INVERNO E VERÃO Com um investimen­to inicial de US$ 350 mil, a estilista Fabiana Milazzo, dona da grife que leva seu nome, resolveu abrir loja própria em Los Angeles (EUA).

“Já exportávam­os para lá, mas estávamos sempre uma coleção atrasada. Quando lançava a linha verão aqui era inverno lá, então optamos por abrir uma loja”, diz Milazzo.

A unidade norte-americana foi aberta há dois meses, mas a marca já participa do mercado internacio­nal. A empresa está em 70 pontos de vendas multimarca­s.

 ?? Marcelo Justo/Folhapress ?? As empresária­s Carla Franco (à esq.) e Bela Frugiuele, sócias da grife Tryia
Marcelo Justo/Folhapress As empresária­s Carla Franco (à esq.) e Bela Frugiuele, sócias da grife Tryia

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