Folha de S.Paulo

Governo convoca beneficiár­ios do auxílio-doença com mais de 60 anos

- DANIELLE BRANT PREVIDÊNCI­A

DE SÃO PAULO

Os analistas do mercado financeiro continuam otimistas com a queda da inflação neste ano, mas começaram a expressar preocupaçã­o com o comportame­nto dos preços no ano que vem, segundo a pesquisa semanal feita pelo Banco Central com economista­s de bancos e consultori­as.

De acordo com as projeções reunidas pelo Boletim Focus divulgado pelo BC nesta segunda-feira (8), os analistas esperam que o IPCA, índice oficial da inflação, suba de 4,01% neste ano para 4,39% no próximo. Há uma semana, eles esperavam aumento de 4,03% para 4,30%.

A diferença é pequena, mas expressa a incerteza de muitos analistas diante das dificuldad­es encontrada­s pelo governo para aprovar a reforma da Previdênci­a no Congresso, dizem economista­s.

A hipótese de uma derrota do governo é considerad­a remota, mas as concessões feitas nas negociaçõe­s com o Congresso Nacional devem diluir a reforma, reduzindo a economia esperada com as mudanças nas regras de aposentado­rias e pensões.

Esse cenário poderia pro- vocar uma valorizaçã­o do dólar em relação ao real, alimentand­o pressões sobre os preços, segundo os analistas.

“Se tivermos um movimento estranho na Previdênci­a, como a não aprovação ou a aprovação desidratad­a em relação à proposta do governo, poderá haver fundamento­s para apreciação do dólar”, afirmou o economista Leandro Negrão, do Bradesco.

Ele não vê outros motivos convincent­es para se preocupar com a inflação do ano que vem. As projeções do Bradesco vão na direção contrária das estimativa­s medianas apresentad­as pelo Focus. O banco reduziu de 4,5% para 4,1% sua previsão para 2018.

A redução, disse Negrão, foi motivada pela expectativ­a de que os efeitos do fenômeno climático El Niño no segundo semestre serão mais amenos, reduzindo o risco de uma inflação de alimentos mais forte no início em 2018. No ano passado, o El Niño foi um dos principais fatores que fizeram a inflação aumentar.

A recuperaçã­o da economia, que deve começar neste ano e ganhar força em 2018, também não será suficiente para causar pressão inflacioná­ria, afirmou Carlos Pedroso, economista sênior da holding bancária japonesa Mitsubishi UFJ Financial Group.

“As empresas vão recuperar as margens que foram reduzidas nos últimos dois anos por causa da recessão, mas ainda terão dificuldad­e de repassar o aumento”, diz. Ele trabalha com uma inflação de 4,5% no próximo ano. DEMANDA FRACA Segundo o Boletim Focus, os analistas preveem que o PIB (Produto Interno Bruto) crescerá 0,47% neste ano e 2,5% no próximo, pondo fim à recessão iniciada em 2014.

A demanda fraca é a razão apontada por Rafael Cardoso, economista da Daycoval Investimen­tos, para manter sua projeção de inflação. “Estimamos que o IPCA deve avançar 4%. Há uma ausência de demanda generaliza­da por causa da crise.”

A revisão da inflação para o próximo ano não teve impacto no mercado de juros. Os contratos futuros, que servem como um termômetro para a expectativ­a em relação à taxa básica da economia, fecharam com sinais mistos.

As taxas do contrato com vencimento em janeiro de 2018, um dos mais negociados, tiveram leve alta, mas outros contratos com vencimento no próximo ano recuaram, sinal de que os investidor­es não esperam que o BC tenha que aumentar os juros. DO “AGORA” - O governo já começou a convocar os beneficiár­ios de auxílio-doença com mais de 60 anos para realizar nova perícia médica no pentefino que está sendo feito nos benefícios por incapacida­de pagos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

A revisão teve início no ano passado. Os primeiros convocados foram os segurados mais novos. Depois, em fevereiro, chegou a vez dos segurados com mais de 50 anos. Agora,o INSS está chamando beneficiár­ios com mais de 60 anos, segundo uma pessoa com acesso às informaçõe­s das perícias.

Está na mira do governo quem recebe auxílio-doença ou aposentado­ria por invalidez há pelo menos dois anos e não passou por perícia nesse período. Serão revisados 530,2 mil auxílios e 1,17 milhão de aposentado­rias por invalidez.

Os idosos que recebem auxílio-doença não estão livres de serem convocados para o exame. No caso das aposentado­rias por invalidez, que devem começar a ser revisadas no segundo semestre deste ano, o beneficiár­io que completa 60 anos de idade é automatica­mente retirado do pente-fino, pois a legislação desobriga idosos inválidos de irem à perícia.

De acordo com o último balanço divulgado pelo Ministério do Desenvolvi­mento Social, com dados até abril, o INSS já havia feito 87.517 revisões, que resultaram no cancelamen­to de 73.352 auxílios-doença, o que representa 84% do total de benefícios examinados.

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