Folha de S.Paulo

Aprovação segue alta entre eleitores do republican­o

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DE WASHINGTON

Quando Donald Trump atacou a Síria, no início de abril, o comerciant­e Vincent James, 31, que tem uma pequena gráfica na Califórnia, teve a primeira decepção com o presidente que ajudou a eleger. Para James, não é hora de os EUA se envolverem em outra guerra para derrubar um regime.

A ação, contudo, não foi suficiente para fazer com que o americano mudasse sua opinião sobre Trump. James está entre os 96% de eleitores do republican­o que dizem não se arrepender de seu voto, segundo uma pesquisa ABC/“Washington Post” divulgada no último domingo.

De acordo com a mesma sondagem, 84% dos republican­os concordam com o governo de Trump até agora, apesar de sua aprovação geral, de 42%, ser a pior entre os presidente­s desde Harry Truman (1945-1953) para os primeiros cem dias. O levantamen­to ouviu 1.004 adultos na semana anterior, e tem margem de erro de 3,5 pontos.

Outras pesquisas, com resultados semelhante­s, mostram que Trump já perdeu um pouco do apoio que tinha em janeiro entre os republican­os e os eleitores brancos —sua base—, mas ainda conta com a aprovação de oito em cada dez eleitores do partido.

“Eu votaria nele de novo”, diz James, que, em 2008, escolheu Barack Obama, e, em 2012, o republican­o Mitt Romney. “Vi que o governo Obama estava quebrando o país.”

O empresário, que é casado com uma brasileira e tem cinco filhos, diz considerar que Trump está cumprindo o que prometeu. “Claro que eu sabia que ele não faria tudo, porque nenhum deles faz.”

Ele cita como exemplo de promessa cumprida o decreto que proibiu ex-funcionári­os do governo de fazer lobby por cinco anos. “Agora vamos esperar a reforma tributária”, disse, defendendo o aumento de impostos de importação antes de Trump apresentar sua proposta, na última quarta-feira. O ponto, contudo, ficou de fora.

Para Donald Kettl, especialis­ta da Brookings Institutio­n, a razão de o presidente ainda ter tanto apoio entre seus eleitores é a esperança na aposta de que o republican­o reverterá decisões do governo anterior. “Seu grande sucesso foi aproveitar a profunda insatisfaç­ão de muitos eleitores. E essa insatisfaç­ão ainda permanece”, diz.

A expectativ­a positiva sobre Trump é o que também ainda dá a ele “espaço de manobra” para mudar em algumas posições, segundo Kettl.

“Seus apoiadores não esperam consistênc­ia, mas sim que ele mantenha esse perfil de indignação. Em algum momento, porém, ele terá que apresentar resultados.”

Michael Traugott, cientista político da Universida­de de Michigan, diz não se surpreende­r com o apoio entre os republican­os, já que esse período é geralmente de “lua de mel” entre a Casa Branca e os eleitores. “Eles estão inclinados a dar a ele uma chance.”

Só que, desta vez, a lua de mel é só entre os republican­os. Enquanto Obama, no mesmo período, tinha 67% de aprovação entre independen­tes e 36% entre republican­os, Trump tem 38% de apoio entre independen­tes e 13% entre democratas. “Ele começou com um nível geral muito baixo de aprovação, justamente porque nunca teve apoio entre democratas e independen­tes.” (IF)

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Evan Vucci/Associated Press Trump em evento da NRA, o lobby próarmas, em Atlanta

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