PF indicia 63 na Carne Fraca e vê organização criminosa em pasta
Lista inclui 19 fiscais, pessoas ligadas a eles e 25 sócios e funcionários de frigoríficos
A Polícia Federal indiciou 63 pessoas sob suspeita de corrupção, crime contra a ordem econômica e falsificação de produtos alimentícios, entre outros, no âmbito da Operação Carne Fraca, que investiga um esquema de fraude em frigoríficos do país.
Estão na lista o ex-chefe da superintendência do Ministério da Agricultura no Paraná Daniel Gonçalves Filho; o diretor da BRF André Baldissera; o ex-chefe de inspeção em Goiás Dinis Lourenço da Silva; um funcionário da JBS na Lapa (PR); e os sócios do frigorífico Peccin.
Ao todo, foram indiciados 19 fiscais e 7 pessoas ligadas a eles, além de 25 sócios e funcionários de frigoríficos. O indiciamento não significa culpa, mas que a pessoa é suspeita de ter cometido crime.
Para o delegado Maurício Moscardi, ficou comprovada a existência de uma organização criminosa “dentro da estrutura do Ministério da Agricultura”. Segundo a PF,o relatório ainda é parcial em função do grande número de investigados e do “elevado grau técnico” das perícias.
A PF também apresentou laudos do Ministério da Agricultura realizados em março que indicariam temperaturas altas em salas de corte, falta de higienização e uso de conservantes proibidos em embutidos e de carne vencida, entre outros problemas. OUTRO LADO Todos os investigados negam problemas. A JBS tem reforçado que não houve menção a irregularidades sanitárias contra a empresa. A BRF diz que realiza suas atividades em respeito às melhores práticas e regulamentos e que não tem conhecimento de nenhuma inadequação.
A defesa de Baldissera disse que vai aguardar a posição do Ministério Público e que tem a esperança de que os procuradores constatem que “não houve nenhum tipo de crime praticado”. Os advogados do Peccin afirmaram que apresentarão defesa e pedido de provas no momento adequado. A reportagem não localizou a defesa dos demais citados. (ESTELITA HASS CARAZZAI)