‘Não estou preocupado’, diz Temer sobre lista de Janot
Presidente também minimiza ação no TSE que pode cassar seu mandato
Peemedebista encontra políticos e ministros do STF durante jantar que foi promovido por jornalista em Brasília
O presidente Michel Temer disse nesta terça (7) não se preocupar com a lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que deve pedir, nos próximos dias, a abertura de inquérito para investigar ministros e aliados de seu governo com base em delações da Odebrecht.
“Se eu for me preocupar com isso, não faço mais nada. Não estou preocupado. Cada Poder cuida de uma coisa”, afirmou à Folha o presidente, ao chegar a um jantar no restaurante Piantella, um dos mais tradicionais de Brasília.
Questionado sobre a situação do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, licenciado por problemas de saúde e cujo retorno passou a ser motivo de incerteza por causa da Lava Jato, Temer afirmou: “Ele está em convalescença, mas em uma ou duas semanas, estará de volta”.
Ao falar com jornalistas, Temer disse também que não perdia o sono com o julgamento da ação no Tribunal Superior Eleitoral que pode resultar na cassação de seu mandato.
“Espero que seja julgada”, limitou-se a dizer. Questionado se preferia que o processo que apura o suposto abuso de poder econômico da chapa presidencial composta por ele e Dilma Rousseff em 2014, continuou lacônico. “Para mim tanto faz.”
Indagado sobre o papel dos partidos contrários a seu governo, que creditam a ele a queda de 3,6% do PIB (Produto Interno Bruno) no ano passado, afirmou: “O que você quer que a oposição faça? Me aplauda?” ENCONTRO Temer compareceu a uma festa em que o jornalista e blogueiro do “O Globo” Ricardo Noblat comemorou 50 anos de profissão. No jantar, no qual permaneceu por apenas 24 minutos, o presidente não adotou tom combativo e chegou a brincar com o deputado do PSOL Chico Alencar (RJ), que estava sentado em uma das mesas.
Quando outro parlamentar disse que Temer ficaria “40 anos no poder”, o presidente respondeu que “se for com o aplauso de Chico, tudo bem”.
Ouviu do deputado de oposição, descontraído, que “a esquerda gosta de um certo continuísmo”. Todos riram.
O presidente disse que conhece Noblat há 30 anos, desde que chegou a Brasília.
Além do jornalista, o anfitrião da noite foi o empresário Omar Peres, conhecido como Catito, dono do Piantella.
O evento em homenagem ao jornalista reuniu ministros de Temer, como Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Mendonça Filho (Educação), Raul Jungmann (Defesa), Roberto Freire (Cultura), do Supremo Tribunal Federal, como Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Luís Roberto Barroso, além de parlamentares de todos os matizes, como os senadores tucanos Aécio Neves e José Serra e o deputado peemedebista Fábio Ramalho (MG) —representante do “baixo clero” da Câmara que havia anunciado rompimento com Temer, mas aproveitou a ocasião para fazer as pazes.
“É impossível brigar com ele”, disse Temer ao abraçar o deputado e convidá-lo para uma conversa ainda nesta semana.