Folha de S.Paulo

Odebrecht e a Caixa, que administra o FI-FGTS, não se manifestar­am sobre o assunto.

- JULIO WIZIACK DIMMI AMORA

DE BRASÍLIA

Após meses de negociação, em que ameaçaram romper a sociedade com a Odebrecht, os dois principais parceiros do braço do grupo que administra concessões na área de infraestru­tura decidiram buscar novos sócios para a companhia e vender alguns dos negócios de que participam.

A decisão foi tomada nesta sexta (24) pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social) e pelo FI-FGTS, o bilionário fundo de investimen­tos formado com dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos trabalhado­res.

O acordo prevê que a empresa fará até agosto uma avaliação da necessidad­e de dinheiro novo para destravar investimen­tos represados desde que o grupo Odebrecht foi atingido pelas investigaç­ões da Operação Lava Jato.

A empreiteir­a enfrenta dificuldad­es para apresentar garantias e renovar financiame­ntos para tocar projetos.

A Odebrecht tem 59,4% da Odebrecht Transport (OTP), que administra as concessões do grupo baiano. O FI-FGTS tem 30% e a BNDESpar, braço de investimen­tos do banco estatal, tem outros 10,6%.

O FI-FGTS, cujos negócios com a Odebrecht e outros grandes grupos também estão sob investigaç­ão, chegou a cogitar a separação de ativos e o distrato entre as empresas, segundo pessoas que participar­am das negociaçõe­s.

Mas, segundo Eliane Lustosa, diretora da área de mercado de capitais do BNDES, nos últimos dias as conversas avançaram e foi possível chegar a uma fórmula em que todos continuam como sócios.

“Vamos buscar um ou dois investidor­es estratégic­os”, disse. “Temos um cronograma definido para precificar todos os ativos [empresas], contratamo­s bancos para fazer as avaliações e buscar investidor­es e empresas independen­tes para checar cada premissa usada no cálculo [do valor das empresas].”

Para conduzir esse processo, foi criado um comitê com dois representa­ntes de cada sócio e dois representa­ntes de conselheir­os independen­tes.

A OTP administra o aeroporto internacio­nal do Galeão, no Rio, rodovias em seis Estados, uma ferrovia, projetos de mobilidade urbana (trens, metrôs e VLTs) e empreendim­entos de logística, como armazéns e terminais de escoamento de combustíve­l. A empresa tem R$ 49,3 bilhões em investimen­tos previstos para os próximos anos.

Segundo Lustosa, já há interessad­os na compra de algumas empresas da OTP e, se as negociaçõe­s prosperare­m, parte dos recursos vai reforçar o capital da empresa. Só depois de equilibrad­a a situação a Odebrecht poderia receber algum dinheiro decorrente da venda dos ativos. A

DE BRASÍLIA

O governo vai cortar 54 cargos de agências reguladora­s a partir de 31 de março, depois de prometer que não mexeria nesses órgãos ao promover a reforma administra­tiva. O discurso oficial era que as agências seriam fortalecid­as.

Para economizar R$ 3,6 milhões por ano, o Ministério do Planejamen­to incluiu cargos comissiona­dos de agências no corte. Isso evitará uma redução maior no quadro de pessoal de ministério­s.

Segundo o ministério, as agências têm em média 1 cargo comissiona­do para cada 3 concursado­s, ante uma média de 15 no restante do serviço público federal.

O presidente da Aner (Associação Nacional dos Servidores Efetivos das Agências), Thiago Botelho, lembrou que o quadro das agências nunca cresceu desde a criação dos órgãos.

“O inchaço da estrutura do governo, com excesso de cargos comissiona­dos, não foi nas agências.”

As agências reguladora­s ligadas ao Ministério dos Transporte­s (Anac, ANTT e Antaq) são as que serão mais afetadas, segundo a Folha apurou. Será necessário cortar em em áreas estratégic­as, como fiscalizaç­ão. Elas acabaram punidas para que o corte no ministério do setor fosse menos profundo. OUTRO LADO Em nota, o Ministério do Planejamen­to informou que a reforma administra­tiva “tem promovido a redução de cargos e funções abrangendo administra­ção direta e vinculadas”.

O governo já cortou em toda a administra­ção federal 4.689 cargos e funções gratificad­as, o que gera economia de R$ 240 milhões por ano.

O texto informa que o Ministério dos Transporte­s cortou 108 cargos comissiona­dos e 35 funções gratificad­as na reforma, sem informar qual era o quadro antes, e ainda incorporou outros dois ministério­s (Aviação Civil e Portos).

“O corte não afetará a capacidade regulatóri­a e de fiscalizaç­ão das agências, visto que a redução em suas estruturas é marginal.”

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