Conselheiro caiu ‘por vazamentos criminosos’, diz Trump
Presidente reclamou de imprensa e agentes de inteligência por divulgar contatos de sua equipe de campanha com o governo russo
O presidente Donald Trump tentou nesta quarta (15) desviar o foco das revelações sobre os contatos de sua equipe com o governo russo na campanha eleitoral, dizendo que o conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, caiu na última segunda (13) por causa dos vazamentos “criminosos” de informações para a imprensa.
Em entrevista com o premiê israelense, Binyamin Netany- ahu, Trump disse que Flynn foi tratado “de maneira muito injusta” pela mídia (“ou pelo que eu chamo de ‘mídia falsa’ em muitos casos”, complementou o presidente).
“Papéis têm sido vazados da inteligência, coisas têm sido vazadas. É uma ação criminosa, um ato criminoso.”
Segundo o “New York Times”, agentes da inteligência americana confirmaram ter interceptado telefonemas de integrantes da equipe de campanha de Trump a mem- bros do governo de Vladimir Putin antes das eleições, enquanto investigavam a hipótese de a Rússia estar ligada aos ataques cibernéticos ao Comitê Nacional Democrata.
O governo Obama depois aplicaria sanções à Rússia, acusando o país de influenciar o resultado das eleições americanas, ao se coordenar com a ação de hackers que vazaram e-mails de líderes democratas antes do pleito.
Seriam essas as sanções sobre as quais Flynn teria con- versado com o embaixador russo em Washington, Sergei Kislyak, em dezembro.
A imprensa americana também havia divulgado, na última sexta (10), a descoberta dos serviços de inteligência de que o general havia pedido ao russo para não reagir de forma desproporcional antes que Trump chegasse à Casa Branca, porque ele poderia rever as sanções.
Mais cedo, em uma rede social, Trump já havia criticado os vazamentos. “O verdadei- ro escândalo aqui é que informações confidenciais têm sido distribuídas ilegalmente pela nossa ‘inteligência’ como balas. Muito não americano isso!”, escreveu.
A justificativa dada pela Casa Branca para a saída de Flynn não foi a conversa com o embaixador, mas sim o fato de ele ter escondido do vice-presidente, Mike Pence, que falou sobre as sanções.
Em um conflito de versões sobre o caso, Trump havia dito a repórteres, na sexta-fei- ra (10), que desconhecia a informação sobre o telefonema entre Flynn e o embaixador.
Na segunda-feira (13), contudo, o jornal “Washington Post” revelou que o Departamento de Justiça havia alertado a Casa Branca em janeiro que o general teria mentido e poderia estar vulnerável a chantagem por Moscou.
Senadores democratas e até republicanos pedem que sejam investigados os contatos da equipe de Trump com Moscou antes da posse. (IF)