Concordam comigo”, diz França. “Por outro lado, tem uma cor-
Já quando Thiago França, do bloco Charanga do França, resolveu expor sua opinião, as reações não foram os unânimes “arrasa!” que o pessoal do MinhoQueens ouviu.
Declarando aberta a temporada de problematizações carnavalescas, o músico escreveu que se recusaria a tocar “O Teu Cabelo Não Nega”. “O verso ‘mas como a cor não pega, mulata’ é racismo demais pro meu gosto”, disse o líder do bloco, que sai no dia 27 em Santa Cecília. Apesar do tom bem-humorado do post, seguiu-se discussão enorme. “Algumas pessoas
“Não tenho vergonha de dizer, pelo amor de Deus, para que as pessoas deixem de ser preconceituosas”, explica depois Abravanel, que comanda o bloco no dia 19 na avenida Faria Lima. Apesar da brincadeira, ele diz ser contra procurar “pelo em ovo”. “Importa mais a atitude do intérprete do que a letra em si.”
Na plateia, detalhes passam despercebidos pelo publicitário Bruno Firmino, que dança com o namorado. “Acredita que não ouvi essa? Eu tô nem aí para o que diz a música. Pode tocar essa, pode
“Se puder ter liberdade poética de corrigir coisas que a gente hoje em dia considera preconceituosas, é um caminho”, diz ao repórter Joelmir
“Podemos cantar ‘morena bossa nova’ [em vez do verso ‘mulata bossa nova’, da marchinha homônima].”
“Mulata”, aliás, virou a palavra-problema. “A etimologia tem a ver com mula, vem da época da escravidão. É óbvio que a gente tem que tirar”, completa Mariana Bastos, também do Pagu.
Por outro lado, o bloco vetou a censura proposta por uma integrante a “Escrito nas Estrelas”, famosa na voz de Tetê Espíndola. A participante viu na letra apologia de submissão da mulher. “Não enxergamos dessa forma. O politicamente correto
“Tem que parar de achar que questionar as músicas é uma chatice”, diz Candy Mel. “Chatice é a gente sofrer preconceito.” Sem posição fechada sobre a polêmica sonora, o Acadêmicos do Baixo Augusta (que sai no dia 19 na Consolação) optou por não tocar as músicas vistas como preconceituosas. “Nosso espírito é de diversidade e respeito”, diz Simoninha, o puxador.
“Eu entendo que é uma reflexão necessária. Só que certas músicas têm que ser observadas de um ponto de vista histórico. Precisa debater mais, mas não num momento em que ânimos estão exaltados, no calor da discussão.”