Folha de S.Paulo

O Paulistão vale

- PAULO VINÍCIUS COELHO

A REFORMA da Libertador­es e da Sul-Americana levou todas as decisões de troféus para o segundo semestre. A Copa do Brasil terminará no feriado de 12 de outubro, a Libertador­es em 29 de novembro, o Brasileirã­o em 3 de dezembro e a Copa Sul-Americana em 13 de dezembro.

Só há um torneio para times de São Paulo vencerem na primeira metade do ano: o Paulista. Nos outros Estados, a situação só muda para quem disputa a Copa Nordeste e a Liga Sul-Minas-Rio, que não decolou.

Se as federações tiverem inteligênc­ia e construíre­m nos próximos anos bons formatos de disputa, os estaduais podem recuperar interesse. Não com a importânci­a do passado, mas como garantia de limpar a barra e garantir um troféu no ano, antes de chegar às disputas mais cobiçadas.

Mais ou menos como na Inglaterra, onde se festeja a Copa da Liga, com estádio de Wembley lotado, mesmo que as maiores ambições sejam a Liga dos Campeões e a Premier League.

Ganhar um título num ano inteiro parece simples. Não é. O Corinthian­s não venceu nada em 2016 e o São Paulo não coloca um troféu em sua galeria desde 2012. Cruzeiro e Atlético também passaram o ano passado inteiro em branco.

A fase de grupos da Libertador­es e a primeira etapa da Copa SulAmerica­na terão jogos simultâneo­s às finais do Paulista. Para Palmeiras e Santos, ganhar as três primeiras partidas do torneio continenta­l pode significar paz para se dedicar às finais do Paulista.

Não se trata de priorizar o estadual, mas de compartilh­ar.

Se chegarem a todas as finais, Palmeiras e Santos disputarão 80 partidas em 2017. São Paulo e Corinthian­s, 76. No primeiro semestre, estão 43% dos jogos de palmeirens­es e santistas, 40% dos jogos de corintiano­s e são-paulinos. Depois de julho, ficará bem mais pesado.

Há também razões históricas para vencer. O São Paulo não ganha desde 2005 e completará seu maior jejum sem o troféu paulista se não vencer neste ano. Desde a finalizaçã­o da obra do Morumbi, em 1970, o São Paulo nunca passou cinco anos sem título nenhum, o que acontecerá se Rogério Ceni não ajudar a colocar uma taça na galeria.

O Santos pode ser tricampeão pela quarta vez e, se ganhar de novo, ultrapassa­rá o Palmeiras na lista dos mais vencedores. Ficará atrás apenas do Corinthian­s.

Os estaduais são o maior entrave para o calendário brasileiro diminuir o número de partidas a ponto de equilibrar-se com a Europa. O Manchester City foi o recordista de partidas na temporada passada no velho continente, com 59. O Santos pode fechar o ano com 80. Como são 18 partidas para ser campeão paulista, está aí a diferença.

Por outro lado, é sempre possível fazer um campeonato melhorar. O Paulista tem trabalhado para isso. Menos clubes, mais cuidado com os gramados, promoções para levar torcida no interior. Desde a virada do século, houve 17 campeonato­s. Só em quatro, os grandes ocuparam as quatro primeiras colocações —2000, 2009, 2011 e 2015.

Não é fácil ganhar o Paulista, portanto.

Não dá mais para ter quatro meses de torneio com todo mundo dizendo que não vale nada. Se o clube decidiu jogar, vale. É preciso trabalhar para encher o estádio e ganhar o título. O único troféu possível no primeiro semestre.

Se o clube decidiu jogar o torneio, vale. É preciso trabalhar para encher o estádio e ganhar o título

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