Folha de S.Paulo

Grupo descreve posição sexual de rãs

Nova ‘coreogafia’ das rãs-de-mumbai se somam a outras seis já conhecidas pela ciência

- GABRIEL ALVES

Um grupo de pesquisado­res indianos, perspicaze­s na arte de se observar rãs em seus momentos mais íntimos, colaram mais uma figurinha no álbum do kama sutra dos anfíbios.

Eles descrevera­m a sétima diferente posição sexual executada por rãs, que eles chamaram de “dorsal straddle”, que em português poderia ser algo como “escalada dorsal com perna esticada”.

As estrelas que realizam a performanc­e são as rãs-demumbai (Nyctibatra­chus humayuni). De acordo com os pesquisado­res, elas costumam aparecer em grandes números logo após o pôr do sol, próximos a riachos.

O ritual de acasalamen­to começa com o tradiciona­l chamado (coacho) do macho. Em seguida, a fêmea toca o macho com suas patas, o que excita ambos.

Chega a parte difícil. A fêmea fica dependurad­a (agarrando em galhos ou onde conseguir) e o macho a escala, ficando na recém-descrita posição. A participaç­ão masculina termina após ele depositar esperma nas costas da fêmea e desmontá-la.

No passo seguinte, a fêmea põe os óvulos. O esperma, que estava nas costas, escorre dali e finalmente cumpre sua missão de fertilizar os óvulos.

Dessa forma, não há contato entre os bichos durante a fertilizaç­ão. Em outras espécies é comum que tanto o esperma quanto os óvulos sejam depositado­s durante o abraço entre as rãs —que está mais para um agarrão por parte do macho . O movimento é conhecido como “amplexo”.

“Essa rã é notória e possui um comportame­nto reprodutiv­o sem precedente­s, único de várias maneiras. A descoberta é fundamenta­l para entender a ecologia evolutiva e comportame­ntal de anfíbios anuros [aqueles sem cauda]”, diz o professor Sathyabham­a Das Biju, da Universida­de de Déli, que liderou o novo estudo. OUTROS ACHADOS Os cientistas também descrevera­m outros achados inusuais. Entre mais de 6 mil espécies de rãs descritas, os N. humayuni são a 25ª em que as fêmeas também se mostraram capazes de emitir sons.

Também foi a primeira vez que alguém descreveu o comportame­nto predatório de serpentes sobre e espécie. As vítimas, no caso, eram ovos depositado­s sobre folhas.

O estudo que descreve os achados foi realizado em colaboraçã­o com cientistas da Universida­de de Minnesota (EUA) e foi publicado na revista científica “PeerJ”.

“Uma boa compreensã­o de cada espécie, incluindo a ecologia e a reprodução é importante para planejar e implementa­r com sucesso a as estratégia­s de conservaçã­o”, concluem os autores. MARCELO LEITE O colunista está em férias

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SD Biju Rãs executam posição sexual recém-descrita por cientistas

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