Folha de S.Paulo

Plano dos Jogos não sofrerá alterações, diz secretário

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O governo interino de Michel Temer (PMDB) considerou que a prisão nesta quinta-feira (21) de dez suspeitos de terrorismo acabou servindo também como demonstraç­ão pública para refutar críticas de que o país não está preparado para enfrentar ameaças de grupos extremista­s durante a Olimpíada.

Para o Planalto, a operação foi um sucesso, mas a entrevista do ministro Alexandre de Moraes (Justiça) para falar sobre o caso foi vista como um erro de comunicaçã­o.

Nas últimas semanas, assessores de Temer vinham demonstran­do insatisfaç­ão com a cobertura dos veículos de imprensa nacionais e internacio­nais sobre a possibilid­ade de um atentado terrorista durante os Jogos. A avaliação era a de que havia um exagero, que poderia afetar a imagem do evento mundial.

Desde que assumiu o cargo, em maio, Temer vinha recebendo informaçõe­s atualizada­s dos órgãos de inteligênc­ia sobre movimentaç­ões suspeitas nas redes sociais e em aplicativo­s de conversas.

Em julho, o GSI (Gabinete de Segurança Institucio­nal) atualizou semanalmen­te o peemedebis­ta sobre o monitorame­nto de cem pessoas suspeitas, informação revelada nesta quinta pela Folha.

Na noite da quarta (20), com a constataçã­o de que o grupo de suspeitos começou a planejar atentados no Rio, Temer foi avisado de que a Polícia Federal desencadea­ria a operação para prender os envolvidos. QUEM FALA? Temer questionou se havia previsão legal para a iniciativa e pediu que fosse informado durante toda a madrugada. Após as prisões, foi realizada uma reunião no Ministério da Justiça para decidir como seria a divulgação.

No encontro, foi discutido se não seria melhor destacar um nome técnico para conceder entrevista à imprensa. No final, decidiram que a tarefa de falar publicamen­te sobre a ação caberia a Moraes.

A postura do ministro, contudo, não agradou a auxiliares presidenci­ais, para quem ele foi confuso. Segundo um dos assessores, Moraes errou ao minimizar o nível de risco dos presos e ao não responder perguntas sobre como a PF teve acesso a mensagens por WhatsApp e Telegram. Centro Esportivo Miécimo da Silva, em Campo Grande, na zona oeste Represa do Funil, na cidade de Itatiaia (RJ) Munique 1972 O grupo terrorista Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica e matou 11 integrante­s da delegação de Israel

DO RIO

O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse nesta quinta (21) que o plano de segurança dos Jogos Olímpicos não mudará após a prisão de dez suspeitos de simpatia com o terror.

Eles foram os que mais despertara­m Atlanta 1996 Uma bomba explodiu no Parque Olímpico durante um show, matando uma espectador­a e deixando 111 feridos a atenção das forças de segurança em uma lista de cem pessoas que vinham sendo monitorada­s por manifestar simpatia ao Estado Islâmico, como mostrou reportagem da Folha.

Mandados de prisão para outras duas pessoas já foram expedidos pela Justiça.

Segundo o secretário, o plano de segurança começou a ser traçado no Pan de 2007, no Rio, com a integração de forças e inteligênc­ia na área de segurança. Ele disse, porém, que não tinha conhecimen­to prévio da operação da PF. “Nós estamos ainda recebendo o detalhamen­to das informaçõe­s do trabalho feito pela Polícia Federal”, disse.

Beltrame afirmou que seria uma “leviandade” dizer que não existe preocupaçã­o sobre atos terrorista­s. Mas frisou que o governo federal tem um centro de operações com 50 agências de outros países buscando antecipar atos.

Na quinta (21), a Folha revelou que cerca de cem pessoas simpáticas ao terrorismo estão sendo monitorada­s pela PF. Esse acompanham­ento é feito com aval judicial?

Ao menos em 14 casos sim porque são pessoas alvos da operação autorizada pela Justiça Federal no Paraná. Os demais casos são mantidos em sigilo pelo governo.

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