Folha de S.Paulo

Governo capta US$ 1,5 bilhão no exterior

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Os juros futuros subiram nesta quinta-feira (21), após o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, ter afirmado, na primeira reunião da nova direção, que não há espaço para corte da taxa básica, hoje em 14,25% anuais.

A expectativ­a em relação aos juros também mudou porque indicador de inflação de julho mostrou que os preços vieram acima das estimativa­s de analistas —o indicador é um dos riscos econômicos apontados pelo BC para justificar a manutenção da Selic (taxa básica de juros).

Com pressão dos preços de alimentos e bebidas, o IPCA-15 de julho foi de 0,54% em julho, acima do registrado em junho (0,40%), mas abaixo do mesmo mês do ano passado (0,59%). Economista­s consultado­s pela agência Bloomberg esperavam índice de 0,45% para julho.

O resultado dessa combinação foi que o contrato de DI (taxa que serve como referência para o mercado) para janeiro de 2017 subiu de 13,845% para 13,945%; o DI para janeiro de 2018 passou de 12,620% para 12,780%. O contrato de DI para janeiro de 2021 avançou de 11,920% para 11,970%.

“O que houve no mercado

ALFREDO BARBUTTI

economista da BGC Liquidez de juros futuros foi um ajuste pós-Copom, ampliado pelo IPCA-15 pior do que o esperado”, diz Alfredo Barbutti, economista da BGC Liquidez. “O problema é que a inflação em 12 meses ainda está muito alta e longe do centro da meta, que é de 4,5%”, afirma.

Diante desse quadro, analistas reforçaram as estimativa­s de corte da taxa básica de juros (Selic) somente a partir de outubro deste ano.

“Não descartamo­s a possibilid­ade de corte nos juros na reunião do Copom em 30 e 31 de agosto”, escrevem os economista­s José Francisco de Lima Gonçalves e Julia Araújo, do Banco Fator.

“Mas a probabilid­ade de tal ocorrência cai de modo importante com a divulgação do dado de hoje [quinta-feira] e a esperada influência negativa dos alimentos no IPCA de julho”, completara­m. CÂMBIO No mercado de câmbio, o dólar à vista fechou em alta de 0,75%, a R$ 3,2798, enquanto o dólar comercial ganhou 1,01%, a R$ 3,2830.

O CDS (credit default swap) brasileiro de cinco anos, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, ganhava 0,56%, aos 288,815 pontos, refletindo o avanço do dólar.

O Ibovespa fechou em leve alta de 0,11%, aos 56.641,49 pontos, sustentado pelos papéis da Vale e de siderúrgic­as. As ações da Vale subiram 3,00%, a R$ 14,04 (PNA), e 5,39%, a R$ 17,40 (ON), seguindo a alta de mais de 2% do minério de ferro na China.

DE BRASÍLIA

O Tesouro concluiu a primeira captação no exterior desde o início do governo interino de Michel Temer.

Foi a maior diferença paga pelo governo na relação entre títulos brasileiro­s e americanos desde novembro de 2005 para papéis de 30 anos. Com vencimento­s de 2047, foram captados US$ 1,5 bilhão no mercado financeiro dos EUA com o papel Global 2047.

Segundo o Tesouro, o principal objetivo da emissão foi monitorar as condições do mercado. O órgão afirma que a emissão teve demanda superior a oferta, mas não precisou quanto.

Os governos utilizam a emissão de títulos soberanos de dívida para levantar recursos e financiar operações sem ter de fazer empréstimo­s no mercado.

O chamado spread, que é a razão entre o que o governo promete pagar e o que paga o governo americano com seus títulos, ficou em 375,2 pontos. Em novembro de 2005, esse spread era de 362,5 pontos.

O juro foi de 5,875% ao ano —o maior desde 2007 para títulos de 30 anos. Para o Tesouro, as taxas maiores têm relação com o fato de o Brasil ter perdido o grau de investimen­to.

O que houve no mercado de juros futuros foi um ajuste pós-Copom [Comitê de Política Monetária do Banco Central], ampliado pelo IPCA-15 pior do que o esperado

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Adriano Machado - 19.ju.2016/Reuters O novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn (ao fundo), e a nova diretoria da instituiçã­o durante reunião do Copom

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