Artistas armam tática contra fim do MinC
Encontro de nomes da área como Marieta Severo e Marco Nanini gera carta de repúdio à extinção do ministério
Paula Lavigne afirma que Procure Saber entrará no STF para barrar o término de setores específicos da pasta incorporada ao MEC
Na noite de segunda (16), cerca de 60 artistas se reuniram no Rio para debater a extinção do MinC (Ministério da Cultura), agora incorporado ao MEC (Ministério da Educação).
O encontro foi convocado pela APTR (Associação de Produtores de Teatro do Rio).
Estavam presentes nomes como Marieta Severo, Renata Sorrah, Leoni, Marcelo Serrado, Marco Nanini, Bruna Linzmeyer e representantes de entidades, como Paula Lavigne, do Procure Saber.
Aplausos e homenagens deixaram evidente o apoio dos artistas à ocupação do Palácio Gustavo Capanema, prédio histórico no Rio onde hoje funciona a Funarte.
Lavigne anunciou que a Procure Saber pretende montar um palco e organizar shows no edifício todas as noites. A programação não foi toda definida, mas a organização diz que os músicos Otto e Arnaldo Antunes irão se apresentar nesta quarta (18).
Depois de duas horas de debates, ficou decidido que uma carta de repúdio ao fim do ministério será entregue ao governo interino de Temer. Ela será assinada por associações como a APTR, a Procure Saber, o GAP (Grupo de Ação Parlamentar PróMúsica), além de sindicatos.
Houve divergências sobre como articular o movimento, porque muitos se recusam a dialogar com um governo que não consideram legítimo.
A questão foi trazida pela atriz Marieta Severo. “Como negociar com um governo que a gente considera ilegítimo?”, perguntou ela. O ator Tonico Pereira então brincou: “Reconheço o governo Temer. Vejo filme de vampiro desde criancinha”.
Até o ator Marcelo Serrado, que foi a manifestações pela queda da presidente Dilma, estava resistente. “Aquele governo não me representa, mas este também não. Quero novas eleições. Não vou a Brasília apertar a mão do Temer.”
A resposta veio de pessoas como Lavigne, o guitarrista Frejat e o presidente da APTR, Eduardo Barata. “Se a gente não dialogar, o que vai ser de nós? Ficaremos acéfalos? Nossa proposta é tentar garantir as mínimas condições de diálogo”, afirmou Barata.
Lavigne também anunciou que o Procure Saber deve entrar com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a extinção de departamentos específicos do ministério, como o que lida com propriedade intelectual.