Folha de S.Paulo

Rede pública perde 23,6 mil leitos em 5 anos

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Levantamen­to feito pelo Conselho Federal de Medicina aponta uma queda de 23.565 leitos de internação na rede pública nos últimos cinco anos. Isso equivale a cerca de 13 leitos a menos por dia.

Em dezembro de 2010, havia no país 335.482 leitos de internação para uso exclusivo do SUS (Sistema Único de Saúde). Em dezembro de 2015, esse número diminuiu para 311.917 —uma queda de 7,5%.

Já a rede privada teve aumento de 2.210 leitos no mesmo período. Os dados foram levantados a partir do CNES (Cadastro Nacional de Estabeleci­mentos de Saúde), base de dados do Ministério da Saúde.

Ao todo, 19 Estados registrara­m queda de leitos no período. O Sudeste teve a maior redução. As especialid­ades com maior perda de leitos foram obstetríci­a, psiquiatri­a, pediatria cirúrgica e cirurgia geral.

O conselho diz que a queda agrava a demora no atendiment­o, além de atrasos no diagnóstic­o e início do tratamento. “As consequênc­ias são mortes que seriam evitadas. Pacientes que terminam falecendo por falta de um leito disponível”, afirma Carlos Vital, presidente do conselho.

MODELO

O Ministério da Saúde tem dito nos últimos anos que a diminuição do número de leitos segue uma tendência mundial, relacionad­a a mudanças no modelo de atenção em saúde, com avanço das ações de prevenção, por exemplo.

Em alguns casos, a redução também faz parte de políticas de saúde. É o caso da lei da reforma psiquiátri­ca, que prevê o fechamento desses hospitais, levando à redução de leitos dessa especialid­ade.

Segundo os dados do CFM, a queda no número de leitos tem crescido nos últimos anos. Levantamen­to feito em 2014 apontava 14 mil leitos a menos nos cinco anos anteriores.

“Não há dúvidas de que a questão do financiame­nto é uma das circunstân­cias fundamenta­is para explicar a carência desses leitos. Precisamos de uma iniciativa do legislativ­o no Orçamento da saúde”, afirma Vital.

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