12 DIAS, 12 SHOWS Coachella celebra Guns N’ Roses e LCD Soundsystem no deserto
Festival teve homenagem a Prince e Bowie, além de shows de The Kills, Underworld e Disclosure
Evento musical feito ao ar livre contou com 160 bandas e 200 mil pessoas na Califórnia neste fim de semana
Talvez o mais importante evento musical ao ar livre americano, o festival Coachella pareceu ter antecipado o feriado de Halloween para celebrar os mortos, entre sexta (22) e domingo (24).
O segundo final de semana do festival, que ocorre no meio do deserto da Califórnia, repetiu a escalação do anterior, abrigando perto de 160 bandas e mais de 200 mil pessoas em seus três dias de duração. Muita música misturada a sol de dia, frio à noite, ocasionais tempestades de areia e incontáveis palmeiras iluminadas de roxo (sim, por causa de Prince).
O artista, morto na semana passada, foi citado em grande parte dos shows —dos novinhos eletrônicos Disclosure aos veteranos do metal Guns N’ Roses (o baixista Duff McKagan tinha estampado em seu instrumento o símbolo que representava Prince).
David Bowie, morto em janeiro, também esteve espiritualmente aqui e ali no festival, cujas duas de suas três atrações principais, até pouco tempo atrás, também estavam, digamos, mortas.
Na sexta, o LCD Soundsystem, instituição indie-eletrônica de Nova York que tinha encerrado atividades há cinco anos, voltou aos palcos para atender ao convite e às cifras do Coachella.
O show foi espetacular na medida em que um show irregular normal do LCD Sound- system pode ser espetacular. Entre oito e dez pessoas num palco caótico tocando muitos instrumentos e batuques, com James Murphy reclamando da voz “danificada”, diante de uma galera que não necessariamente era a sua.
Banda mais apropriada para uma tenda com 8 mil pessoas do que para um palco daqueles com 30 mil, o LCD Soundsystem é daquelas bandas que se sustentam por suas músicas marcantes. E elas, da primeira à última, estavam lá, voando ao sabor da ventania. AXL ROSE SEM DANCINHA Outra ressurreição promovida pelo Coachella foi a do Guns N’ Roses, que viveu seu auge nos anos 90 e depois se afundou em toda sorte de pro- blemas. Até aparecerem no palco do Coachella, sábado retrasado e neste, o impagável vocalista Axl Rose e o exímio guitarrista Slash, juntos pela primeira vez desde 1993.
A apresentação, de um certo heavy metal direto nas fuças da geração hip-hop e eletrônica que forma o grosso da plateia do festival, só não foi melhor porque Axl Rose cantou sentado, graças a um pé quebrado em um dos shows de aquecimento para a grande volta. Sua dancinha de cobra ficou prejudicada.
Na sexta, o duo inglês The Kills fez um ótimo show debaixo de impiedoso sol forte. Sexy e barulhento, como só Alisson Moshart e Jamie Hince sabem fazer.
As novas músicas do quin- to disco, a ser lançado em junho, soaram tão boas ao vivo quanto os pequenos hits dos últimos quatro discos.
Na enorme tenda de eletrônico, outro destaque foi o grupo inglês Underworld, seminal nome da popularização do gênero nos anos 1990, que fez hipnótica performance tanto com músicas conhecidas como “Born Slippy” (do filme “Trainspotting”) como “I Exhale”, do recém-lançado “Barbara Barbara, We Face a Shining Future”, primeiro álbum da banda em seis anos.
A australiana Courtney Barnett foi uma das atrações do sábado, comandando seu power trio que anima tanto a cena independente dos EUA que já rendeu comparações com o Nirvana antes da explosão.
Axl Rose, sentado graças a um pé quebrado, e Slash, do Guns N’ Roses, em show
Guitarrista canhota e vocalista, ela desempenha quase à perfeição suas canções niilistas e românticas sobre café coado —no estilo agridoce (calma no começo, barulhenta no refrão, calma de novo).
Içado da tenda eletrônica para o palco principal, o jovem duo de DJs britânicos Disclosure surfa bem a onda do eletrônico pop que assola a garotada americana.
No caso deles, a música é às vezes “tocada” (eles usam instrumentos), cheia de vocalistas convidados e com um visual mais bem cuidado, ainda que perdido na luz do dia. Disclosure faz o que se pode chamar de show, mesmo sendo da turma da eletrônica.
LÚCIO RIBEIRO
O cantor norte-americano Billy Paul morreu na manhã deste domingo (24), de acordo com nota divulgada pelo site NBC Filadélfia, cidade natal do músico.
O empresário de Billy, Beverly Gay, informou que o cantor havia sido diagnosticado com um câncer no pâncreas e estava hospitalizado desde a semana passada. Ele morreu em sua casa em Blackwood, Nova Jersey.
Paul ficou conhecido pelo single “Me and Mrs. Jones” (1972), sua música mais famosa, que foi número 1 nas paradas de blues e R&B quando lançada. No mesmo ano, ele também lançou uma versão para “Your Song”, composta por Elton John, que também estourou: ficou entre as 40 mais tocadas na Inglaterra.
O músico também lançou “Let’s Clean Up the Ghetto,” e “Thanks for Saving My Life”, que não foram tão bem quanto “Me and Mrs. Jones”.
Billy Paul começou sua carreira aos 11 anos de idade, quando tocou na rádio local WPEN. Nos primeiros anos, costumava se apresentar em clubes com artistas do porte de Nina Simone, Charlie “Bird” Parker e Miles Davis.
A última apresentação do músico no Brasil foi no Soul Mates Festival, em São Paulo, em agosto do ano passado. O cantor deixa a mulher, Blanche, e dois filhos.