Folha de S.Paulo

Aliados do vice viram estrelas entre empresário­s

- PAULO GAMA

Assessor usou crachá da Presidênci­a em evento

Apito na mão para pedir silêncio, João Doria Jr., candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, dava as boasvindas a 300 dos maiores nomes do setor produtivo do país e políticos hoje na oposição que se reuniram, no feriado de Tiradentes, para quatro dias de seminários em Foz do Iguaçu (PR).

No microfone, Doria parabenizo­u os deputados presentes pela votação de domingo passado (17) na Câmara —“todos que estão aqui votaram pelo impeachmen­t”— e anunciou a presença de quatro senadores. “Todos eles também votarão pela saída de Dilma”, disse. O salão veio abaixo em aplausos.

Os quatro senadores eram Romero Jucá (PMDB-RR), elo de Michel Temer com o setor empresaria­l, José Agripino (RN), presidente do DEM, e os tucanos Cássio Cunha Lima (PB) e Antônio Anastasia (MG), provável relator do processo de impeachmen­t da presidente Dilma Rousseff no Senado.

Governista­s, outrora presenças seguras no Fórum Empresaria­l, que está na 15ª edição, não deram as caras. Bruno Araújo (PE), deputado tucano que deu o voto decisivo pelo impeachmen­t, era tratado como celebridad­e.

Entre os executivos estavam nomes como Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, Edson Bueno, da Amil, Roberto Lima, da Natura, e Pedro Faria, da alimentíci­a BRF.

Apesar do ar descontraí­do do encontro, a trinca mais próxima de Temer tirou o feriado para trabalhar. Além de Jucá, o resort recebeu Rodrigo Rocha Loures, assessor do peemedebis­ta na Vice-Presidênci­a, e Gaudêncio Torquato, consultor e estrategis­ta de longa data do vice.

Regra escrita e falada, os convidados andam com crachá de identifica­ção. O de Rocha Loures o indicava como assessor da Presidênci­a, não mais da vice. “Deve ter sido ato falho do João [Doria]”, brincou, ao lado de Efraim Filho (DEM-PB), logo depois de ter marcado uma audiência do deputado paraibano com Temer para falar sobre a transposiç­ão do rio São Francisco.

Jucá passou os dois dias em que esteve no encontro recebendo demandas. De deputados que queriam ser ouvidos para a formulação da política econômica do possível governo, se Dilma for afastada, a empresário­s e consultore­s dispostos a fornecer estudos e avaliações, além de saber que rumo tomaria o início de uma eventual gestão. PAULO GAMA

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