Folha de S.Paulo

Israel deu ‘passo em falso’ ao indicar embaixador, diz assessor

Para Marco Aurélio Garcia, Israel criou ‘constrangi­mento brutal’

-

O assessor especial da Presidênci­a para Assuntos Internacio­nais, Marco Aurélio Garcia, afirmou que Israel deu um “passo em falso” ao indicar o ex-líder de colonos israelense­s Dani Dayan para o cargo de embaixador no Brasil.

A resposta brasileira ao pedido de agrément feito por Israel em agosto tem sido postergada indefinida­mente. Dayan é ex-líder do Conselho Yesha, que representa 500 mil colonos na Cisjordâni­a e em Jerusalém Oriental. O governo brasileiro é contrário à ocupação israelense em território­s palestinos.

O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, disse, na última semana, que Dayan continua sendo o seu nomeado para chefiar a embaixada em Brasília —o que significa que não enviará nenhum ou- tro embaixador caso o Brasil recuse seu nome.

“Acho que foi um passo em falso dado pelo governo de Israel”, disse Garcia ao programa Espaço Público, da TV Brasil. Segundo ele, Israel “rompeu uma regra diplomátic­a” ao divulgar o pedido de agrément antes de fazê-lo ao Brasil. “Se há um pedido de agrément, é para ser aceito ou recusado. Se você torna isso público, cria uma situação de constrangi­mento brutal.”

Garcia também sugere que as declaraçõe­s de um diplomata israelense, em 2014, de

MARCO AURÉLIO GARCIA

Assessor especial da Presidênci­a para Assuntos Internacio­nais que o Brasil é um “anão diplomátic­o” estariam pesando na decisão de postergar a resposta sobre Dayan.

“O pedido de agrément se deu na esteira de algumas dificuldad­es que as nossas relações tinham passado recentemen­te”, disse.

“Eu não sei muito bem qual foi a intenção [de Israel] naquele momento de indicar esse funcionári­o [Dayan]. Ele tem condições muito marcadas em dois temas caríssimos para a politica externa brasileira e para a política internacio­nal, que são os assentamen­tos, (...) e o fato de que o Sr. Dayan se opõe a formação de um Estado Palestino.”

Garcia ainda criticou o “componente ideológico na formulação da política externa” israelense.

“A ideologia sempre está presente na política externa, mas quando ela contamina efetivamen­te uma definição de política internacio­nal que deve significar equilíbrio, respeito e compreensã­o, não dá certo”, afirmou ele.

Acho que foi um passo em falso dado por Israel (...) Se você torna isso [o pedido de agrément] público, cria um constrangi­mento

 ?? Marko Djurica/Reuters ?? » EUROPA Migrantes caminham por campo na Macedônia; citando dificuldad­e logística, país fechou fronteira com a Grécia na terça, deixando cerca de 600 refugiados do lado grego
Marko Djurica/Reuters » EUROPA Migrantes caminham por campo na Macedônia; citando dificuldad­e logística, país fechou fronteira com a Grécia na terça, deixando cerca de 600 refugiados do lado grego

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil