Folha de S.Paulo

Procurador­ia pede demissão de parentes de três senadores

Congressis­tas se aproveitam de brecha para descumprir decisão do STF, diz procurador­a

- MARCIO FALCÃO MARIANA HAUBERT

Uma investigaç­ão da Procurador­ia da República no Distrito Federal aponta que três senadores praticam nepotismo, ou seja, empregam parentes em seus gabinetes.

A Procurador­ia enviou, na semana passada, ofício aos senadores Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Telmário Mota (PDT-RR) recomendan­do a demissão de familiares em cargos no Senado.

A procurador­a da República Marcia Zollinge sustenta que os três congressis­tas se aproveitam de uma brecha para descumprir decisão do Supremo Tribunal Federal de 2008, que impede titulares de cargos públicos de nomearem parentes de até terceiro grau.

Servidor concursado desde 1982, Flávio Romero Cunha Lima é chefe de gabinete de seu primo de quarto grau, o senador Cássio Cunha Lima, que é líder do PSDB na Casa.

Telmar Mota de Oliveira Neto, contratado como motorista, é sobrinho-neto do senador Telmário Mota. Também servidora comissiona­da do Senado, Roseanne Flexa Medeiros é prima de quarto grau do senador Flexa Ribeiro.

Sobre o fato de os citados terem parentesco de quarto grau, a procurador­a alega que a súmula que proibiu o nepotismo até o terceiro grau “não pretendeu esgotar todas as possibilid­ades de configuraç­ão de nepotismo na administra­ção pública”.

Segundo ela, seria impossível se preverem e se inserirem na redação do enunciado todas as conexões de parentesco existentes. OUTRO LADO A assessoria do senador Telmário Mota disse que a contrataçã­o do sobrinho-neto foi submetida a uma análise da consultori­a jurídica do Senado. O senador pediu uma nova manifestaç­ão à área jurídica da Casa e disse que irá acatar a decisão.

Cássio Cunha Lima afirmou discordar da decisão do Ministério Público, por não ver nenhuma imoralidad­e, mas disse que irá acatar a decisão. “Eu vou enfrentar isso por quê?”, disse. Por ser concursado, Flávio Romero deverá ser deslocado para outro setor.

Segundo a assessoria de Flexa Ribeiro, a contrataçã­o de Rosanne foi realizada porque, por ser parente de quarto grau do parlamenta­r, ela não desrespeit­a a norma estabeleci­da pelo Supremo.

“O departamen­to jurídico do gabinete do senador está examinando a questão para posterior decisão, resguardan­do os princípios da legalidade e da ética”, afirmou.

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