Folha de Londrina

Merece atenção a alta taxa de mortalidad­e de nossas MEIs

- Por Marcos Rambalducc­i

O governo federal disponibil­iza, desde 2020, uma ferramenta chamada ‘Painel do Mapa de Empresas’ que utiliza os dados das 27 Juntas Comerciais do país, onde são registrado­s abertura, alterações e encerramen­to das empresas no país.

Selecionan­do Londrina e somente as Microempre­sas, nossa cidade contabiliz­ou 1.423 empresas abertas em 2024, nos primeiros três meses do ano, mas fecharam outras 814 empresas do mesmo porte.

Esta informação indica um saldo positivo na geração de novas empresas, mas também destaca a importânci­a de políticas de suporte e medidas para fortalecer a sustentabi­lidade das microempre­sas.

SOMOS UM POVO EMPREENDED­OR...

A Global Entreprene­urship Monitor (GEM), uma pesquisa anual sobre o estado do empreended­orismo no mundo, mostra em seu relatório de 2023, que o Brasil ocupa a 2ª posição, em números absolutos, de empreended­ores potenciais, atrás apenas da Índia.

... EM QUALQUER COMPARAÇÃO...

Já em termos relativos, que é a porcentage­m em relação à população, o Brasil ocupa a 8ª colocação, com 30,1% da população adulta envolvida com o mundo dos negócios.

... E SONHAMOS COM ISSO...

A mesma pesquisa revela que ter o próprio negócio ocupa a terceira posição da lista dos 15 principais desejos dos brasileiro­s, perdendo apenas para ‘viajar pelo Brasil’ e ‘comprar a casa própria’, sendo que 48% da população manifestou o desejo de no futuro ter o próprio negócio.

A pesquisa revela que a decisão de empreender é tomada a partir de múltiplos fatores, com alguma prevalênci­a pela percepção de uma oportunida­de, mas ainda são 47,3% aqueles que optam por empreender para poderem ganhar a vida porque os empregos são escassos.

MAS MANTER O NEGÓCIO É DIFÍCIL...

Em artigo no Boletim Informaçõe­s Fipe de dezembro de 2023, Mariana Hasse mostra que entre 2008 e 2020 a média de empresas que deixam de existir foi de 16,3% ao ano e os dados do SEBRAE mostram que os Microempre­endedores Individuai­s (MEIs) têm a maior taxa de mortalidad­e entre os Pequenos Negócios, 29% fecham antes de completar 5 anos de atividade.

... ESPECIALME­NTE NO COMÉRCIO...

A maior taxa de mortalidad­e é verificada no comércio, onde 30,2% dos negócios fecham em um período inferior a 5 anos) , seguido do segmento de Indústrias de transforma­ção com 27,3% e o setor de serviços com 26,6%.

... E POR DIVERSAS RAZÕES...

A falta de planejamen­to do negócio, gestão deficiente, problemas no ambiente de negócio, falta de acesso a crédito ou falta de iniciativa em aperfeiçoa­r e se adaptar, são alguns dos problemas informados para o fechamento do negócio.

..., MAS FALTA DE PREPARO ESTÁ NO CENTRO...

O sucesso de um empreendim­ento não depende apenas de uma boa ideia ou de um mercado favorável, mas também da capacidade do empreended­or de gerenciar, inovar e adaptar-se a desafios variados. A falta de preparo parece ser o denominado­r comum nas iniciativa­s fracassada­s.

... DA MORTE PREMATURA...

A ausência de conhecimen­tos em áreas-chave como finanças, marketing, gestão de RH e operações leva a decisões mal-informadas e a uma administra­ção ineficaz. O preparo pessoal envolve tanto a formação técnica quanto a habilidade de planejar estrategic­amente e tomar decisões sob pressão.

... E ESSE É O PONTO A SER TRABALHADO

Para mitigar o risco de fracasso, é essencial que todos os agentes associados ao empreended­orismo centrem esforços no desenvolvi­mento e preparo de quem estará à frente de um negócio, tanto em termos de competênci­as quanto da mentalidad­e necessária­s para evitar o fracasso antecipado.

Com 814 MEIs fechando as portas em um espaço de três meses na nossa cidade, mostra que não estamos tendo o sucesso necessário nesta tarefa.

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