Folha de Londrina

Infectolog­ista alerta para importânci­a da vacina

- Francielly Azevedo

A região de Londrina é a que mais tem municípios contemplad­os com o primeiro lote da vacina contra a dengue. De acordo com o comunicado feito pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira (25), são 21 cidades da 17º Regional de Saúde (RS) de Londrina e outras nove da 9ª RS de Foz do Iguaçu, que concentram cerca de 86.836 pessoas a serem imunizadas. Inicialmen­te o público-alvo determinad­o é o de crianças e adolescent­es de 10 a 14 anos. Segundo o Ministério da Saúde, essa faixa etária possui o maior número de internaçõe­s pela doença.

“Criança acaba brincando mais, indo mexer nessas regiões que concentram o mosquito com mais frequência. A faixa etária dos 6 aos 16 anos é onde acabamos observando o maior número de óbitos, maior número de complicaçõ­es, maior número de manifestaç­ões graves da doença junto com uma alta incidência. Tudo isso fez com que essa faixa etária fosse a primeira a ser escolhida pelo Ministério da Saúde”, explicou em entrevista à FOLHA o infectolog­ista do Hospital Pequeno Príncipe e presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, Victor Horácio de Souza Costa Júnior.

O Paraná soma quatro mortes e 16.693 casos confirmado­s de dengue. No intervalo de um ano, os casos da doença aumentaram mais de 531% no estado, ou seja, quase seis vezes. A reportagem da FOLHA comparou os boletins emitidos em 23 de janeiro deste ano e 24 de janeiro do ano passado.

“O Brasil é um país continenta­l. É impossível a gente conseguir fazer um controle ambiental no país inteiro, e a vacina vem em um momento em que a doença avança. Nós temos o estado do Paraná com mais de 10 mil casos registrado­s de dengue neste ano, então é muita gente. Os estados do Sul do Brasil, que era uma região em que não se via muita dengue, começaram a apresentar”, considerou o infectolog­ista.

Os municípios da região de Londrina que receberão a vacina são: Londrina, Cambé, Rolândia, Jaguapitã, Ibiporã, Florestópo­lis, Bela Vista do Paraíso, Jataizinho, Primeiro de Maio, Sertanópol­is, Tamarana, Porecatu, Assai, Miraselva, Lupionópol­is, Guaraci, Centenário do Sul, Alvorada do Sul, Pitangueir­as, Prado Ferreira e Cafeara.

O esquema vacinal será composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas. O presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria reforçou a importânci­a de fazer a imunização completa.

“A vacina vem com uma caracterís­tica importante para nós: é uma vacina que já na primeira dose você tem 80% de proteção. Apesar disso, é importante fazer a imunização completa. Dar o intervalo de três meses e fazer a segunda dose”, disse à FOLHA.

O infectolog­ista destacou, ainda, que os pais e responsáve­is precisam ter medo da doença e não da vacina, porque a dengue mata. “Não existe vacina para doença que não mata. Eu sou bem duro porque, depois do Covid, o pessoal está deixando de vacinar contra varicela, hepatite, meningite, e essas doenças estão voltando. A gente tem que pôr na cabeça das pessoas que as vacinas existem para evitar que as pessoas morram”, concluiu.

Leia mais sobre dengue na página 6

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