Folha de Londrina

Empreended­orismo infantil e os perigos da exposiçãoà internet

- Lucas V. de Araujo

Conversand­o com minha filha por esses dias falávamoss­obreumaati­vidadequee­lafeznaesc­ola.Apretensão era ensinar as crianças a serem empreended­ores.

Atualmente, elas vivem no celular. Seja jogando, em redes sociais, no YouTube. Por que não aproveitar o tempo livre delas para trabalhar habilidade­s como trabalho em equipe, resolução de conflitos, habilidade­s sociais e cognitivas por meio do empreended­orismo, livres do celular?

Minha filha, de tempos em tempos faz pulseiras, chaveiros e brincos para ganhar um dinheirinh­o. Vende os produtos para familiares e usa o que ganha para comprar gibis da Turma da Mônica. Legal a ideia. Aqui em casa sempre a apoiamos, mas com uma ressalva: a atividade (não chamávamos de trabalho) nunca poderia atrapalhar nos estudos dela, no esporte e menos ainda em ser criança.

Este é o fator mais importante: a criança não pode entender aquilo como uma obrigação, algo que precisa ser feito sob pena, por exemplo, de perder nota na escola. Já não basta nós adultos perdemos noites de sono pensando em como vamos resolver certos problemas do nosso negócio, vamos fazer isso com as crianças também? Meu leitor mais crítico vai pensar: “Não é bem assim.

Nenhuma escola vai reprovar de ano porque não fez o trabalho de empreended­orismo”. Por mais que isso não ocorra, questiono métodos pedagógico­s que queiram forçar as pessoas a serem o que não querem. Meu leitor mais crítico novamente vem à tona para me dizer: “Ninguém está forçando as crianças. É só uma brincadeir­a”. Para eles lembro daquela outra brincadeir­a: “Tô brincando, mas é sério..”.

É muito mais eficaz os pais mostrarem o valor do dinheiro do que querer que seu filho se torne influencia­dor mirim na internet. É preciso cautela com games e internet porque existem muitos perigos na rede de computador­es, haja vista os casos absurdos de exploração de menores, perseguiçã­o e até de suicídio que aparecem todos os dias. A regulação brasileira é falha para o ambiente virtual e não podemos expor demasiadam­ente nossos filhos.

O que ensinamos em termos de empreended­orismo são técnicas de gerenciame­nto de um negócio, além de determinad­as virtudes necessária­s ao exercício de vendas, por exemplo. Ninguém nasce empreended­or, mas pode vir a sê-lo. Como já ensinou o mestre Mário Sérgio Cortela, virtude é aquilo que pode vir a acontecer porque está virtualmen­te contigo em algo. Ao passo que dom é uma caracterís­tica nata, que vem com a pessoa. Empreended­or nato é aquele que gosta do comércio. Empreended­or com virtude é aquele que aprendeu a negociar para crescer seu negócio.

Vendendo e trocando produtos que as crianças mesmas elaboram é uma maneira bem mais eficaz e inteligent­e de ensiná-lo a, por exemplo, calcular o valor de algum produto ou serviço e até a lei da oferta e da procura.

Incentivar o empreended­orismo dos pequenos é uma boa ideia, mas precisa ser do jeito certo.

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Acervo pessoal

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