Folha de Londrina

Vacinas e fraudes: uma crise de ética

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A distribuiç­ão das vacinas contra a Covid-19 no Brasil tem suscitado uma série de fraudes que seriam cômicas, não fossem trágicas, dada a situação de enorme gravidade.

No rol dos que furam a fila, há casos gritantes como o do secretário da saúde da pequena cidade de Pires Rio (GO) que mandou vacinar a própria esposa sem que ela faça parte dos grupos prioritári­os. Assis Silva Filho, que é secretário e pastor da igreja Vitória de Cristo, virou caso de justiça por crime de abuso de autoridade e prevaricaç­ão, que é quando um servidor usa o próprio cargo para obter benefício.

Ao ser questionad­o por ter furado a fila para vacinar a esposa, usando uma das 280 doses a que o município tinha direito, com ares de cavaleiro romântico, ele se justificou dizendo: “Fiz isso para salvar a mulher da minha vida”. E pediu perdão a Deus.

Outro caso gritante, aconteceu na última quinta-feira (28) em Maceió (AL) quando uma técnica de enfermagem fingiu aplicar a vacina numa idosa de 97 anos que compareceu ao estacionam­ento de um shopping, que faz parte da rede de vacinação, acompanhad­a de sua cuidadora. No momento da vacina, a cuidadora fez um vídeo e percebeu que a técnica de enfermagem, após passar algodão com álcool no braço da aposentada, espetou a agulha mas não injetou o imunizante. Tendo o vídeo como prova, a cuidadora avisou a família da idosa que denunciou o caso à prefeitura de Maceió. A enfermeira fraudulent­a foi afastada da função e a idosa recebeu outra vacina aplicada corretamen­te. Ainda não foi esclarecid­o se a enfermeira guardaria a dose não aplicada para outros fins.

Casos assim mostram que se faltam vacinas, sobra imaginação na mente das pessoas que engendram fraudes. E nunca é demais lembrar que, devido à gravidade da pandemia, é justo que recebam as primeiras doses os profission­ais da saúde que trabalham na linha de frente e os idosos que fazem parte dos grupos de alto risco. As fraudes em plena pandemia, muito além de uma crise sanitária, evidenciam uma crise de ética no País.

A FOLHA deseja muita saúde aos seus leitores!

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