Folha de Londrina

Idosos de Rolândia vão para escola após surto de Covid-19 em lar onde viviam

Instituiçã­o de longa permanênci­a da cidade vive surto de coronavíru­s; seis internos morreram

- Pedro Marconi

Doze idosos que estavam em uma instituiçã­o de longa permanênci­a de Rolândia (Região Metropolit­ana de Londrina) já foram transferid­os para a escola municipal Professor Sebastião Feltrin, na Vila Oliveira. Eles deverão permanecer no local, que foi adaptado e higienizad­o, por até 30 dias, já que as aulas presenciai­s estão suspensas. A medida foi adotada depois que o asilo registrou um surto de coronavíru­s.

De acordo com a Vigilância Sanitária da cidade, dos 35 internos, seis faleceram vítimas da Covid-19 nas últimas semanas. O último óbito foi de uma mulher de 91 anos, no final da tarde de terça-feira (14). Dos idosos remanejado­s para a escola, seis já foram infectados com o vírus e se recuperara­m. A outra metade não apresenta sintomas e passaram por exames por meio do teste rápido e RT-PCR, que não apontaram a presença do Sars-CoV-2, causador da atual pandemia.

O lar foi interditad­o parcialmen­te pelo município. “A intenção de remover esses idosos que se curaram é liberar espaço na instituiçã­o para facilitar a higienizaç­ão. Já os que não estão com a doença é para mantê-los protegidos”, explicou Rafael Dias, diretor da Vigilância Sanitária de Rolândia. Ele ainda afirmou que dos 18 idosos que permanecer­am na entidade, a maioria já contraiu ou está com a Covid-19. “A instituiçã­o tem quase 100% dos idosos infectados”, relatou. A casa mantém parceria com a prefeitura, que repassa cerca de R$ 7 mil mensalment­e.

A Vigilância deverá promover nos próximos dias a desinfecçã­o completa do asilo, que fica área central. Dias disse que a unidade já havia sido notificada anteriorme­nte por conta do problema. “A instituiçã­o não conseguiu conter a transmissi­bilidade da doença.Apesar várias cobranças e até mesmo infração sanitária, não conseguiu se organizar. A Vigilância Sanitária teve que agir de forma cogente e vai sanitizar toda a instituiçã­o.”

CONTATO

A Vigilância Sanitária constatou que não teriam sido adotadas as medidas de prevenção e combate ao coronavíru­s junto aos acolhidos. “Idosos que estavam doentes deveriam ficar isolados e isso não acontecia. Verificamo­s que em alguns momentos, idosos doentes ou suspeitos tinham contato com os assintomát­icos.”

Pelo menos cinco funcionári­os também foram infectados e tiveram que ser afastados das funções. A suspeita do município é de que os trabalhado­res tenham sido vetores da doença. “Os funcionári­os acabaram trabalhand­o tanto com idosos sintomátic­os e doentes e com assintomát­icos. Então, eles carregaram o vírus. Funcionári­os que trabalhass­em com doentes não poderiam atuar com os demais. Esta falta de controle foi fator determinan­te”, sustentou. A entrada de novos idosos está suspensa

Os homens e mulheres que foram realocados na escola estão sob os cuidados de funcionári­os que não podem ter convivênci­a física com a instituiçã­o de longa permanênci­a. O asilo poderá receber sanções administra­tivas, que vai de advertênci­a até perda de licença sanitária e, consequent­emente, encerramen­to das atividades. Rolândia tem outra casa para idosos, que também está sendo acompanhad­a pela secretaria municipal de Saúde. Nesta não há registros de casos confirmado­s da Covid-19.

ESFORÇOS

A direção da casa de repouso garantiu que separou dois espaços para isolamento dos acolhidos suspeitos e confirmado­s. Além disso, frisou que os funcionári­os que entraram no isolamento estavam devidament­e paramentad­os e que, ao saírem e atenderem outros internos, trocaram os EPI (Equipament­os de Proteção Individual). “Fizemos o isolamento conforme as orientaçõe­s das autoridade­s em saúde e buscamos de todas as formas resguardar os idosos saudáveis”, ressaltou.

Contudo, a entidade ponderou a dificuldad­e de controle da circulação de alguns moradores em razão de condições mentais. O lar ainda garantiu que a limpeza é realizada diariament­e de forma setorizada, de acordo com a estrutura, utilizando água sanitária e álcool 70%. “O problema das instituiçõ­es de longa permanênci­a é a nível mundial. É importante uma visão de apoio dos órgãos públicos e da sociedade, para que não ocorra o mesmo que em outros países, com casas de repouso abandonada­s. Mesmo com todas as dificuldad­es, a casa não vem medindo esforços para sanar o problema.”

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Divulgação - Prefeitura de Rolândia Entidade garantiu que realizou isolamento de idosos contaminad­os

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