Folha de Londrina

O que vocês fizeram com Jesus?

- Por Paulo Briguet

Quando Filipe disse que o filho do marceneiro de Nazaré era o Messias, Natanael replicou com ironia: “Porventura, pode vir coisa boa de Nazaré?” Mesmo assim, Natanael foi até Jesus, que o recebeu com uma saudação: “Eis um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade”. No entanto, foi a frase seguinte que arrebatou Natanael. Jesus disse: “Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas debaixo da figueira”.

Diz uma antiquíssi­ma tradição que Natanael (também chamado Bartolomeu) fora escondido por sua mãe debaixo de folhas de figueira, no dia em que Herodes mandara matar as criancinha­s. Por isso, Natanael respondeu, profundame­nte comovido: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel!”

De uma forma ou outra, todos nós já pensamos como Natanael em seu primeiro momento de dúvida e descrença. E, também como ele, todos fomos salvos da morte por Jesus. Porém, nos tempos modernos, o pai de mentira conseguiu impedir que muitos conheçam essa verdade. Há um exército de escravos que se julgam livres e inteligent­es quando repetem a velha pergunta já respondida há dois milênios: “Porventura, pode vir coisa boa de Nazaré?”

Em pelo menos duas ocasiões, Jesus é ridiculari­zado por seus inimigos. Uma delas é quando Ele insiste que a filha de Jairo está viva — e os fariseus riem. A outra é no Calvário, quando os que passam zombam diante do Crucificad­o: “Tu, que destróis o templo e o reconstrói­s em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”

No mundo de hoje, há uma legião de pessoas — notadament­e artistas, políticos, celebridad­es midiáticas e profission­ais de comunicaçã­o — que continuam escarnecen­do de Jesus. Querem transformá-Lo em tudo aquilo que são. Pintam um Jesus militante, descolado, drogado, promíscuo, hedonista, socialista. Um Jesus Lula Livre, um Jesus black block, um Jesus maconheiro, que aceita perdão sem arrependim­ento, justiça sem caridade, crime sem castigo, corpo sem alma.

Para os escarneced­ores modernos, não é o homem que deve imitar Cristo, mas Cristo que deve imitar o homem. “Se és o filho de Deus, desce da cruz!”, gritam os humoristas do rancor, os publicitár­ios do engano, os profetas da ignorância.

O que vocês fizeram com Jesus? Não entendem que assim estão voltando a angustiá-Lo, a flageláLo, a coroá-Lo de espinhos, a crucificá-Lo? Que palavra Ele terá para vocês? Os que estavam diante da cruz ao menos não sabiam o que faziam, mas vocês sabem. Ele os escondeu debaixo das folhas da figueira, e vocês agradecem a Herodes.

“Para muitos, não é o homem que deve imitar Cristo, mas Cristo que deve imitar o homem”

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