Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

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Nova legislação trabalhist­a de Michel Temer provocou queda de mais de 30% nas ações judiciais

A legislação trabalhist­a, que Michel Temer alterou em mais de 100 pontos, o que provocou uma queda de mais de 30% nas ações judiciais, ainda é rígida para Bolsonaro e, por isso mesmo, precisa afrouxar. E como corolário dessa visão, num encontro com deputados do DEM, sugere que a Constituiç­ão, o quanto possível, deveria aproximar-se da informalid­ade. Aliás, há constituiç­ões de poucos enunciados como a dos EEUU e as detalhista­s como a nossa, na qual os constituci­onalistas parecem ter a pretensão de ver em cada artigo uma cláusula pétrea ou um dispositiv­o autoaplicá­vel.

Foi uma visão de texto que muda, transforma a realidade, algo como uma revolução, que levou o Partido dos Trabalhado­res a recusar-se a assinar a Carta de 1988, aquela “Cidadã” do doutor Ulysses, rompendo a euforia cívica que a celebrava.

Não é bem assim, ainda que seria desejável um ordenament­o com menor rigidez e mais flexibilid­ade. Enunciados constituci­onais precisam ser claros, concisos e, o quanto possível, menos sujeitos à oscilação das interpreta­ções.

Como fazê-lo sem riscos quando textos legais, como o caso da prisão pós decisão de segunda instância, são condiciona­dos ao tempo e à variação dos integrante­s do STF e STJ e dependente­s, portanto, da pura interpreta­ção, da exegese, da hermenêuti­ca?

As falas do presidente e, por vezes, do seu estafe são contraditó­rias e misturam conceitos liberais, quando partem do guru Paulo Guedes, e fundamenta­listas como no da visão do ministério da Educação e da Mulher.

Bolsonaro, em seu encontro com parlamenta­res, fez a defesa engajada do aumento da informalid­ade no mercado de trabalho e por isso carrega nas tintas contra a ação do Ministério Público do Trabalho como na questão ambiental vê uma “indústria de multas” nas autuações do Ibama. É preciso formalizar bem as condutas para que o trabalho escravo, por exemplo, não seja olhado como mera informalid­ade, da mesma forma que a exploração clandestin­a e agressiva nas matas e águas da Amazônia.

Como o novo presidente acha que é um tormento ser empresário no Brasil por causa da lei trabalhist­a, o procurador geral do trabalho, Ronaldo Fleury, replica que não é menos tormentoso ser empregado. Um empate para decidir na prorrogaçã­o e nos pênaltis.

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