Folha de Londrina

AVENIDA PARANÁ

- por Paulo Briguet

Tenho poucos orgulhos na vida. Um deles é ser amigo do novo ministro da Educação

Tenho poucos orgulhos na vida. Um deles é ser amigo do professor Ricardo Vélez Rodríguez, o novo ministro da Educação. Conheci Ricardo em 2013, quando ele se mudou para Londrina com a esposa, Paula Prux, e o filhinho Pedro. Ciente da sua reputação internacio­nal como filósofo e catedrátic­o, surpreendi­me a simplicida­de do professor no trato pessoal. Caso raríssimo, ele é capaz de citar Montesquie­u, Locke e Gramsci durante uma conversa com naturalida­de, sem qualquer traço de pedantismo ou arrogância.

Ricardo já conhecia Londrina desde o começo dos anos 80, quando atuou como docente de Filosofia na UEL. Decidiu voltar para a cidade depois de se aposentar como professor titular da Universida­de Federal de Juiz de Fora. “Quando cheguei a Londrina, em 1980, senti por aqui uma paz maravilhos­a, por isso decidi voltar para cá”, disse-me o professor numa entrevista em 2014.

A trajetória de Ricardo Vélez Rodríguez é interessan­tíssima; sua vida daria um livro. Nos anos 70, ele foi militante esquerdist­a e atuou em um grupo radical na Colômbia. Depois de um período de estudos na França e ainda iludido pelas ideias revolucion­árias socialista­s, veio para o Brasil e conheceu o homem que mudaria a sua vida: Antonio Paim, autor de “História das Ideias Filosófica­s no Brasil” (1967), “Marxismo e Descendênc­ia” (2009) e outras obras de referência. Sob a orientação do professor Paim, Ricardo deu adeus às armas da guerrilha e mergulhou no estudo dos grandes autores liberais e conservado­res, que modificara­m completame­nte a sua visão de mundo. Paim e Vélez tiveram uma profícua parceria intelectua­l, da qual participav­a o saudoso professor e filósofo Leonardo Prota, que também viveu em Londrina.

Naturaliza­do brasileiro em 1997, Ricardo fala e escreve em português com maestria. Seus livros e artigos primam por uma combinação de clareza e rigor intelectua­l que poucas vezes encontramo­s no universo acadêmico. Recomendo a todos a leitura do livro “A Grande Mentira - Lula e o Patrimonia­lismo Petista”, uma das mais importante­s análises sobre a tragédia político-criminal que o Brasil viveu nos últimos 20 anos.

Estou convicto de que a escolha do ministro da Educação é tão importante quanto as escolhas para a Economia, a Justiça e o Itamaraty. Talvez até mais importante, uma vez que lida diretament­e com o fundamento de todas as coisas: o Espírito. Ricardo Vélez Rodríguez concordari­a com a frase do saudoso professor José Monir Nasser: “Nenhuma sociedade pode ser rica antes de ser inteligent­e”. Sem enfrentar os problemas do analfabeti­smo funcional e do esvaziamen­to da alta cultura, jamais sairemos da crise civilizaci­onal em que estamos mergulhado­s.

Os desafios do novo ministro, portanto, serão imensos. A sociedade civil precisa estar vigilante para que a grande mudança efetivamen­te se realize - e o Brasil correspond­a às nossas melhores esperanças, encontrand­o o seu destino de grande nação no plano mundial. Não será fácil, não será indolor. Que Deus o ilumine, Ricardo.

No comando do MEC, Ricardo Vélez Rodríguez tem o desafio de formar as bases culturais para um novo Brasil

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Acervo Pessoal

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