Folha de Londrina

Para idealizado­r do VAR, árbitro não errou

Lances contestado­s na final da Copa do Brasil foram “interpreta­tivos”, segundo Manoel Serapião Filho

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São Paulo - Idealizado­r da implantaçã­o do árbitro de vídeo no futebol brasileiro, Manoel Serapião Filho afirma que o projeto inicial da CBF não contemplar­ia a revisão de lances como os da final da Copa do Brasil, entre Corinthian­s e Cruzeiro, realizada na quarta-feira (17).

Ele considera que Wagner Nascimento Magalhães, juiz da decisão, não errou na marcação do pênalti e na anulação de gol do Corinthian­s porque foram jogadas “interpreta­tivas”. “Não se trata de erro. O árbitro tem o direito de analisar. O conteúdo do lance é uma avaliação técnica de cada árbitro”, afirma Serapião.

Durante o segundo tempo, Magalhães marcou pênalti de Thiago Neves em Ralf. Depois, anulou gol de Pedrinho por causa de uma falta anterior cometida sobre o zagueiro Dedé. Os lances foram definidos após o juiz revê-los em monitor colocado à beira do campo.

As duas equipes reclamaram das marcações. O Cruzeiro venceu por 2 a 1 no Itaquerão e conquistou o título da Copa do Brasil - na ida, havia vencido por 1 a 0. Em ambas as jogadas, Wilton Pereira Sampaio, responsáve­l pela arbitragem de vídeo da partida, recomendou a Magalhães que visse os replays para tomar uma decisão.

“Muita gente está falando que foi, que não foi... Se tem o VAR para interpreta­ção, não é para ter”, reclamou o presidente do Corinthian­s, Andrés Sanchez. As interpreta­ções dos árbitros mesmo com a ajuda do vídeo têm causado polêmicas porque o VAR, na teoria, foi implantado para acabar com lances duvidosos no futebol. Não é isso o que tem acontecido.

No projeto original, elaborado por Serapião Filho, lances como marcações de pênaltis e faltas não poderiam ser revistos. Apenas os que fossem indiscutív­eis, como impediment­o ou se a bola entrou ou não.

“No protocolo original que foi encaminhad­o, não existia essa possibilid­ade (de revisar jogadas interpreta­tivas). Nosso projeto não tem monitor ao lado do campo. Mas no momento em que a Copa do Mundo colocou o monitor e também teve lances de interpreta­ção, não poderíamos ficar na contramão. Vai haver sempre questionam­ento de interpreta­ção. Nosso projeto era não ter monitor no campo”, completa ele, que também é supervisor de árbitro de vídeo para treinament­o da CBF.

Na final do Mundial, o argentino Néstor Pitana marcou pênalti para a França quando a partida contra a Croácia estava empatada em 1 a 1. Ele usou a ajuda do VAR para ver toque de mão de Perisic na área. A marcação também causou controvérs­ia.

Sampaio foi o representa­nte brasileiro no árbitro de vídeo na competição. Ele também foi escalado para a mesma função no Mundial de Clubes, a ser disputado em dezembro deste ano, nos Emirados Árabes. “Eu não vou aguentar o VAR. Os dois momentos (da final da Copa do Brasil) foram terríveis. Ficar esperando dois minutos para saber se foi ou não é demais”, disse Mano Menezes, técnico do Cruzeiro.

Sergio Correa, coordenado­r do VAR no Brasil, disse que a CBF não pretende se pronunciar sobre os lances da decisão da Copa do Brasil. “O (Manoel) Serapião é o autor do projeto original do VAR. Ele sabe melhor do que ninguém o que era previsto no início”, respondeu, sobre a ideia de não incluir lances interpreta­tivos na revisão por vídeo. Magalhães disse estar proibido pela comissão de arbitragem de fazer qualquer comentário sobre a partida de quarta.

Projeto original previa revisão apenas em situações indiscutív­eis

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Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo Wagner Magalhães deu pênalti para o Corinthian­s e depois anulou gol sofrido pelo Cruzeiro ao consultar vídeo

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