A FOLHA com sol ou com chuva
Reza a história, e não a lenda, que a Folha de Londrina nunca deixou de circular mesmo após dias caóticos de temporal, alarme de bomba no interior do prédio ou no caso de um princípio de incêndio. Nesta quarta-feira (17), a chuva que desabou perto das 15h, derrubando uma árvore no Bosque e causando danos aos postes de energia elétrica na avenida Rio de Janeiro, a poucos metros do jornal, remeteu todos os funcionários à lembrança da resistência que faz parte da história da FOLHA: o jornal haveria de sair nesta quinta-feira (18), com sol ou com chuva.
Com a queda de energia e do sistema de informática, com todos os computadores desligados e a redação no escuro,os jornalistas perderam a conta de quantas vezes desceram a escada em direção à rua para acompanhar de perto aquilo que seria uma de nossas principais notícias: fotógrafos com suas câmeras, repórteres correndo para outros pontos da cidade para ver o estrago de perto.
A avenida Rio de Janeiro, na esquina da rua Piauí, transformou-se momentaneamente numa “feira de novidades” com moradores dos edifícios do entorno, moradores de rua, cachorros e transeuntes observando a chegada do caminhão da Copel e a interdição da avenida. Às 17h30, ninguém ainda conhecia o desfecho da situação: a energia seria restabelecida? Seria possível escrever as matérias do dia e pôr o jornal para circular na manhã seguinte?
Aos poucos as soluções foram aparecendo, os cadernos segmentados migrariam todos para o primeiro caderno - como é comum nas edições de segundafeira - os repórteres rumaram para suas casas ou para o Sindicato dos Jornalistas para dar conta do noticiário que, de alguma forma, se converteria em mais uma edição. Na falta de condições de trabalho para todos, alguns se encaminharam para as lan houses do centro. Onde houvesse um computador disponível havia um repórter. Assim este editorial foi escrito numa lan house, no meio de moças e rapazes de uma firma de advogados que, também sem energia nos seus escritórios, discutiam ações e imprimiam documentos em juridiquês.
Veio à memória os tempos em que o jornal era impresso a partir dos geradores de energia. Jornalistas que passaram pela FOLHA lembram-se de episódios engraçados, com o gerador sendo ligado ao motor de um velho Jeep do Seu João Milanez para que fosse possível mover as impressoras.
Nesta quarta, mais uma vez, movemos a impressora em situações especiais, ligando a “presença de espírito” para encontrar uma solução e a FOLHA chegar até seus leitores nesta manhã. No caminho de paralelepípedos, no entorno da Concha Acústica, até a lan house, a chuva intensa molhava os pés de quem passava, lembrando a Londrina de décadas passadas que, com sol ou com chuva, no meio dos atoleiros que engoliam Jeeps, nunca deixou de fazer história.
Nos 70 anos da FOLHA, completados em 2018, este dia de árvores caídas e sem energia elétrica em vários pontos da cidade também entra para a história do jornal que nunca parou, devido ao reconhecimento da Câmara Federal à importância do jornal. Exemplo de perseverança que beira à teimosia de todos os que têm como matéria-prima a notícia e, mesmo em circunstâncias adversas, põem as impressoras para funcionar. Na trajetória da FOLHA, isso não é o que reza a lenda, é o que reza a história.
Este dia de árvores caídas, sem energia elétrica, também entra para a história do jornal que nunca parou”