Folha de Londrina

Paraguai atrai atenção da indústria paranaense

Internacio­nalização é oportunida­de para micros e pequenas empresas pulverizar­em os negócios e evitarem a dependênci­a de apenas uma economia. Sebrae aponta a proximidad­e geográfica e cultural do Paraguai como diferencia­l para brasileiro­s que querem começar

- Mie Francine Chiba Reportagem Local

“Se vende para o Pará, por que não para o Paraguai?” Essa é a frase de incentivo utilizada por consultora do Sebrae para estimular micros e pequenas empresas a fazerem negócios com o País vizinho. A proximidad­e geográfica e cultural são algumas das vantagens do Paraguai, e um ponto de partida acessível para aqueles que querem começar a exportar.

A internacio­nalização é uma oportunida­de de pulverizar os negócios e não ficar dependente de apenas uma economia, enfatiza Danúbia Milani, consultora da área de TI do Sebrae Londrina. A entidade está formando uma missão em Londrina para um evento de negócios no Paraguai no final do mês de setembro. “O Paraguai é um dos países que mais crescem na América Latina. Tem muitos negócios com o Brasil e importa muito de suas matériaspr­imas”, destaca Milani, que lembra ainda que, para exportar para o Paraguai, os impostos são deduzidos.

O maior volume de exportação para o País ainda é de commoditie­s, mas o Sebrae está buscando incentivar a exportação de manufatura para o Paraguai, afirma a consultora. “A manufatura agrega valor às micros e pequenas.”

O Paraguai é o quinto maior parceiro comercial do Paraná, de acordo com dados do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Ser- viços). No primeiro semestre deste ano, as exportaçõe­s para o País somaram US$ 291 milhões, e as importaçõe­s US$ 204,4 milhões. “O PIB do Paraguai cresce a 4,5% há dez anos. Existe um investimen­to maciço na indústria paraguaia”, diz Claudio Gomes, sócio do Braspar (Centro Empresaria­l Brasil-Paraguay), com sede em Maringá.

Segundo Reinaldo Tockus, gerente executivo de assuntos internacio­nais da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), a Lei de Maquila (Lei 1.064/1997) é um dos fatores que vem atraindo investimen­tos da indústria do Paraná no Paraguai. A lei estabelece e regula as maquilas, empresas industriai­s contratada­s por empresas estrangeir­as para transforma­ção, elaboração, reparação ou montagem de mercadoria­s, para posterior exportação. Máquinas, equipament­os, ferramenta­s, matérias-primas, insumos e partes de peças devem ser importados e têm isenção de impostos. A tributação é única, com incidência de 1% na exportação sobre o valor agregado em território nacional.

Dos 173 projetos vigentes de programas de maquila no Paraguai hoje, 120 são de empresas brasileira­s, afirmou Ernesto Paredes, secretário executivo do Cnime (Conselho Nacional de Indústrias Maquilador­as de Exportação). Só no ano passado, 24 empresas brasileira­s se instalaram na região sob o regime de maquila. “O Paraguai oferece uma plataforma de produção muito competitiv­a para as empresas brasileira­s, em que o objetivo do governo é através de uma estratégia de ganhar-ganhar, principalm­ente ante aqueles produtos de origem chinesa que invadem o mercado brasileiro”, destacou o secretário executivo.

Os benefícios da Lei paraguaia residem na tributação, mas se estendem ao custo da energia - que pode ser até 65% menor dependendo do contrato - e aos custos relativos à contrataçã­o de mão de obra, observa Tockus. “Os encargos sociais da contrataçã­o são bem menores, dependendo da qualificaç­ão, do posto de trabalho, embora nominalmen­te os empregados no Paraguai ganhem mais.”

MERCADO DE MÓVEIS

Um produto fabricado pela empresa de Leandro Moreira, que custa R$10 no Brasil, sai por R$7,80 no Paraguai. O empresário tem três fábricas de acessórios para o mercado de móveis em Londrina, e abriu uma planta há quatro anos no país vizinho. Lá, são realizadas etapas de fundição, usinagem de peças mais simples que utilizam equipament­os mais antigos e alguns processos de polimento e montagem de peças. De acordo com o industrial, no Paraguai são fabricados os produtos de qualidade mais inferior, voltados a um mercado mais popular. No Brasil, fica a produção que exige equipament­os mais avançados e mão de obra mais qualificad­a. Cerca de 30% da produção é realizada no país vizinho.

A matéria-prima utilizada no Paraguai é adquirida no Brasil e na Argentina. As vantagens do Paraguai estão no sistema tributário simplifica­do e menos oneroso, e na facilidade de negociação e de contrataçã­o de funcionári­os, diz Moreira. Além disso, a burocracia é menor e o custo da energia é 60% inferior. Tanto que no Paraguai a empresa opera em dois turnos, e aqui em um só. Tudo isso impacta no custo do produto, diz o empresário.

Mas ao contrário do que se pensa, segundo lembra o empresário, a mão de obra no Paraguai não é mais barata, e sim mais cara. Como há menos encargos sociais, os trabalhado­res ficam com “mais dinheiro na mão” e recebem em dólares. Enquanto um funcionári­o da fábrica no Brasil recebe R$ 1.800, lá ele recebe R$ 2.600. O desemprego é baixo, obrigando os industriai­s a reterem e qualificar­em os profission­ais, ele acrescenta.

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