Londrinense escreveu biografia de mestre do gênero
O poeta japonês Nenpuku Sato (1898-1979) desembarcou no Brasil em 1927 trazendo consigo a grande missão de disseminar o haikai no País. Na década de 1970, o imigrante chegou a ter mais de seis mil discípulos espalhados pelo interior de São Paulo, Mato Grosso e Paraná. Entre seus alunos estava o dramaturgo, tradutor, poeta, músico e diretor teatral Maurício Arruda Mendonça, autor da biografia intitulada “Trilha Forrada de Folhas: Nenpuku Sato – Um Mestre de Haikai no Brasil”’, publicada em 1999 pela Editora Ciência do Acidente. “Neste livro falo sobre a trajetória dele, que foi o maior divulgador de haikai no Brasil. O livro traz ainda 40 haikais inéditos escritos por ele”, afirma o londrinense.
Mendonça conta que seu interesse pelo gênero literário nipônico foi despertado ao ler haikais assinados por Haroldo de Campos e Paulo Leminski. “Essa admiração aumentou muito quando conheci Nenpuku Sato”, enfatiza ao destacar que tanto a escrita quanto a leitura deste tipo de poema exigem estados de espírito apropriados. “Para escrever um poema em haikai tradicional, o autor precisa estar atento a algum evento da natureza, que é uma temática pré-determinada. Já os leitores precisam despertar um gosto pela apreciação e degustação detalhada daquele texto para conseguir entender tudo o que o escritor quer transmitir em poucas palavras”, ressalta.
Autor de mais de 15 livros e único dramaturgo brasileiro agraciado com três prêmios internacionais, o escritor londrinense lamenta o fato do haikai ainda ser considerado uma forma de literatura de menor importância por parte da crítica brasileira institucionalizada. “É uma pena que isso aconteça, pois ao contrário do que se possa pensar, um texto de apenas três linhas pode ser absolutamente prolixo. Além disso, costumam reduzir o haikai a um estilo único, o que é um erro. No Japão, por exemplo, há autores que escrevem haikais experimentais e textos de vanguarda neste formato”, critica Mendonça.