Respeito entre as gerações
O médico geriatra Marcos Cabrera, de Londrina, diz que a longevidade extrema – acima dos 90 anos – tem uma ligação muito forte com a genética. Quem tem pai e mãe que já passaram dos 90 anos, afirma o médico, tem uma grande chance de ultrapassar essa idade também. “É interessante reconhecer que a genética é muito importante, mas há muitos outros fatores importantes também e que não são associados à genética e estudos com centenários mostram isso.”
Além do estilo de vida e dos hábitos alimentares, aponta Cabrera, fatores psicoafetivos influenciam na longevidade. Ele cita as Blue Zones (Zonas Azuis), que são locais no mundo onde há prevalência de idosos que ultrapassam os 100 anos de idade. Costa Rica, Itália, algumas ilhas do Japão e Grécia são alguns locais identificados por pesquisadores como propícios à longevidade.
“Identificou-se que esses países têm algumas coisas em comum. Nesses locais, os genes da longevidade são mais identificados, mas além disso, o estilo de vida e o comportamento também es- tão associados. São locais onde as famílias são mais sociáveis, onde os membros das famílias trabalham até uma idade mais avançada e eles têm uma alimentação saudável”, explica o geriatra.
Os estudos com as Blue Zones, ressalta o médico, mostraram que a genética é muito importante, mas os núcleos familiares são grandes e há muito respeito entre as gerações. “Não é só a convivência, mas o respeito que se faz pela via do afeto”, destacou. “Essas habilidades afetivas são um marcador da longevidade, que ultrapassa o impacto biológico. O gene viabiliza viver bastante, mas temos que criar uma condição para que esse gene consiga se expressar. A presença do gene no meu genótipo não me garante a longevidade, mas tem que ter um bom comportamento.”
Do ponto de vista estatístico, afirma o médico, a sociabilidade é um fator mais importante do que o tabagismo na longevidade. “Cigarro é ruim sempre, mas a sociabilidade tem um impacto maior do que o cigarro. É melhor ter uma vida social intensa e fumar do que não fumar e viver na solidão.”