Folha de Londrina

Vitória da corrupção

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Esperar que corruptos condenem corruptos é muita inocência da parte dos brasileiro­s que sonham com uma classe política que, no mínimo, comece a apresentar lampejos de honestidad­e. Imaginar que o senador Aécio Neves fosse penalizado dentro de uma verdadeira fortaleza da corrupção, como é o Senado Federal, é exigir demais da nossa mais alta câmara legislativ­a, que atualmente abriga 42 senadores investigad­os pelo STF, inclusive o seu presidente. Constatar que nomes manjados como Jader Barbalho, Romero Jucá, Eduardo Braga, Telmário Mota e José Pimentel compõe o seu Conselho de Ética é surreal, desolador, beira as raias do absurdo e se constitui numa verdadeira piada de mau gosto. Num contorcion­ismo jurídico que faz corar de vergonha, a presidente do STF apostou num arranjo que preservass­e a harmonia entre os poderes, esperando o respaldo do Senado para a decisão da Corte Suprema. Todavia, essa submissão custou caro para a nossa Justiça. O corporativ­ismo nefasto e moralmente lesivo que reina fortemente no meio parlamenta­r entende que essa tal “harmonia” significa concordânc­ia com a bandalheir­a que os agentes políticos praticam. Os ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowsk­y, Dias Toffoli, Alexandre Moraes (quase um advogado de defesa de Aécio) e Marco Aurélio de Mello, que se derreteu em elogios ao senador, devem estar satisfeito­s por mais essa explícita demonstraç­ão de impunidade. É por essas e inúmeras outras canalhices que recentes estudos do Fórum Econômico Mundial apontam que os políticos brasileiro­s são os piores do planeta, ocupando a 137ª posição, o último lugar no ranking. LUDINEI PICELLI (administra­dor de empresas) – Londrina

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