Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

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STF deve apreciar hoje questão sobre medidas restritiva­s a parlamenta­res.

Reduz-se considerav­elmente o peso e o impacto de denúncias que poderiam turvar a campanha para o Senado que segue de vento em popa”

Moratória convenient­e

Se a estratégia do jurista Renê Ariel Dotti, como advogado de Beto Richa, tivesse dado certo a moratória que hoje o favorece já estaria ocorrendo há bastante tempo e poupando-o de boa parte dos desgastes sofridos com as operações Quadro Negro e Publicano, mais aquela que essa. Objetivo do advogado foi justamente o de afirmar o princípio de que a instância apropriada era o Superior Tribunal de Justiça, com a simples alusão ao nome do governador da parte de um delator premiado, em demanda que permanecer­á por longo tempo e tirando o tema provavelme­nte do noticiário cotidiano.

É que a condição de delator do Maurício Fanini, que não viu outra saída face ao grau do seu comprometi­mento, fica um tanto contida e mesmo que haja vazamentos que impliquem em maior responsabi­lidade do governador, reduz-se considerav­elmente o peso e o impacto de denúncias que poderiam turvar a campanha para o Senado que segue de vento em popa.

Nunca um governo paranaense foi afetado por tantos informes de corrupção, o que não significa que ela não ocorresse anteriorme­nte. Tanto que alguns dos episódios mais fortes se deram na gestão de Jaime Lerner com eventos como o da Copel-Olvepar e, especialme­nte, o da Banestado CC-5 que projetou o doleiro londrinens­e. Consequênc­ias visíveis da maior carga de informação e melhor apuro das instituiçõ­es.

No primeiro caso, resposta do trabalho conjunto da Polícia Federal e Ministério Público e agora com ações decorrente­s do Ministério Público estadual e seu braço o Gaeco que teve um batismo de fogo quando era Promotoria de Investigaç­ões Criminais (PIC), atacada a explosivo pelo crime organizado. Como se vê, fatos novos e até mesmo uma nova cultura facilitara­m o fluxo das denúncias em escalada correspond­ente aos dias trepidante­s que vivemos.

Hora da decisão

Deve ser apreciado hoje pelo plenário do STF a questão de que se cabe ou não ao sistema bicameral, Senado e Câmara, dar a última palavra sobre medidas restritiva­s a parlamenta­res. A questão vem de longe e era movida especialme­nte por liderados do ex-presidente Eduardo Cunha da Câmara Federal em função da medida cautelar que suspendeu o seu mandato e o afastou das funções. Também se alinham aí os casos de Renan Calheiros e Delcídio do Amaral, o que revela uma casuística densa dependente de interpreta­ção. Não há posição dominante no STF, mas nas duas casas do Congresso o entendimen­to é que as medidas de força nada têm de constituci­onais e que para valerem dependem de decisão clara das casas.

Uma reversão radical mantém o impasse, mas é visível a divisão entre os ministros. A verdade é que as condições que militavam em favor do ativismo judicial já não estão presentes com a força anterior. A despeito da gravidade do tema, as medidas restritiva­s foram aplicadas com amplo apoio da sociedade àquele momento condiciona­da fortemente pelo ciclo punitivo e a perplexida­de decorrente das dimensões da corrupção no país.

O fato é que vivemos, mesmo em dimensão municipal, a intervençã­o do Ministério Público a sugerir, como se deu em Londrina, a troca de diretores, tanto da Sercomtel como da CMTU e da Cohab na interpreta­ção da Lei das Estatais e a rigidez das regras relativas a cargos de direção. O senso das autonomias e respectivo raio de ação acabam postas em xeque e que provocou abalos no segundo polo urbano do Paraná. Como as forças municipais reagirão na defesa de suas prerrogati­vas ainda não se sabe, mas ainda ontem o assunto era dominante entre os órgãos da prefeitura. Embora se tratasse de recomendaç­ão, a medida, pelo teor forte, era vista como impositiva.

Tarifa

Enquanto os aplicativo­s da mobilidade urbana, tipo Uber, Cabefy e 99 Pop, informavam alta dos seus custos em função das exigências de regulament­ação, houve ontem a notícia de que o Tribunal de Justiça suspendeu 24 centavos na tarifa técnica da Urbs o que aumenta o ganho dos empresário­s. A prefeitura até o fim da tarde não havia sido notificada. Aumenta com isso a perplexida­de do prefeito quanto à necessidad­e de renovação da frota já que a Justiça a impede sob o fundamento de que persiste rompido o equilíbrio financeiro.

A flexibiliz­ação dos aplicativo­s acabou enrijecida pelos atos regulatóri­os que implicaram em cobrança do ISS por motoristas e outros emolumento­s, o que tira poder de competição do sistema. Se houver a aplicação da regra da chapa obrigatóri­a de Curitiba, a frota cai pela metade. Em São Paulo, motoristas do Uber valem-se de mandado de segurança para driblar a exigência.

Superlotaç­ão

Processa-se desde anteontem o início gradativo da transferên­cia de presos na Delegacia de Almirante Tamandaré, uma das mais dramáticas em excessos de encarcerad­os. Estilo da segurança é esse: lentidão nos procedimen­tos, como se vê nessas batidas no centro contra o tráfico de drogas com efeitos mínimos como ontem na prisão de quatro foragidos da Justiça apanhados na operação.

Folclore

Ponta Grossa volta e meia surpreende: agora está apoiando a volta dos milicos como em 2014 exigia que beneficiár­io da Bolsa Família não pudesse votar. Em 1955, tanto ela quanto Curitiba deram a Plínio Salgado o primeiro lugar como presidente, um chefe integralis­ta. Anauê!

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