Deitado eternamente em ...
Acredito que não é fácil um gigante adormecido levantar-se. E pergunto: é necessário? Tenho visto no Brasil dos últimos 30 anos algumas coisas acontecerem no campo político/econômico que me levam a crer que o gigante ficou adormecido. E tomo como exemplo a Sercomtel aqui em Londrina.
O primeiro telefone que tivemos em casa tinha o número 6562, da Sercomtel. Naquela época, conseguir uma ligação para São Paulo era necessário pedir à telefonista local que completasse a ligação quando possível. Às vezes, era necessário aguardar horas até que ligação fosse completada. Naquele tempo, a Sercomtel começava a ser um símbolo para Londrina. E imagino o quanto foi difícil construí-la. Que orgulho.
A empresa nadou de braçada nos tempos das vacas gordas e nem imaginava que poderia chegar à situação que está atualmente quando até sua concessão de telefonia fixa pode ser interrompida. Justamente o produto que por muito tempo trouxe muito lucro para a Sercomtel. Mas os tempos são outros. E nesse acirrado mercado de telecomunicações, que tem muitos concorrentes economicamente fortes que atuam em âmbito nacional, a Sercomtel vêse ameaçada. Será que essa situação poderia ser prevista?
Já foram feitas outras privatizações no Brasil em vários setores da economia e, atualmente, fala-se na privatização da Eletrobras e do aeroporto de Congonhas. A Eletrobras parece estar em negociação com um governo estrangeiro. Congonhas, certamente, terá interessados dada à sua potencialidade econômica. Pois é fácil haver interessados capitalistas em comprar alguma empresa que dê lucro. Mesmo custando milhões e bilhões. E aqui mais um questionamento: onde está a soberania nacional? Até que ponto um governo pode vender bens do Estado?
Muitos podem argumentar que o Estado juridicamente não tem condições de administrar empresas como o setor privado no Brasil e que é melhor vender suas empresas para não piorar as coisas. E administrar pode ser mais difícil ainda com a corrupção que existe. Mas, recentemente, ouvi dizer que uma concessionária de aeroporto está desistindo da concessão. Então, num momento o governo vende a concessão de um aeroporto com o argumento de que precisa fazer caixa e, em outro momento, aceita a devolução da mesma.
Entregar a máquina pública ao setor privado tem suas consequências. Da mesma forma que concorrentes entraram em Londrina na área das telecomunicações dando uma “rasteira” na Sercomtel, o governo brasileiro abriu suas portas ao mercado internacional sem estar preparado para suas consequências e o que se vê, atualmente, são empresas fechando por não poderem competir com os produtos importados e empresas estrangeiras. Agora, esse governo muda as regras trabalhistas para tentar dar fôlego às empresas nacionais tornando-as competitivas da noite para o dia com uma assinatura. Na democracia, que poder tem o capital.