Estado de Minas (Brazil)

Governo de Minas anuncia superávit de R$ 2,2 bilhões

Romeu Zema exalta austeridad­e de sua gestão ao apresentar balanço orçamentár­io do estado no ano passado, com recorde histórico, mas evita comemoraçã­o por causa da dívida elevada

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BERNARDO ESTILLAC

O governo de Minas Gerais divulgou, ontem, o balanço orçamentár­io do estado em 2022. De acordo com os números apresentad­os pelo governador Romeu Zema (Novo), as contas tiveram superávit de R$ 2,2 bilhões. Ainda assim, a política econômica do governo deve manter a austeridad­e como ponto norteador para a nova gestão que se inicia agora. Os resultados foram publicados ontem no Relatório de Gestão Fiscal (RGF) e no Relatório Resumido de Execução Orçamentár­ia (RREO). Durante apresentaç­ão dos dados à imprensa, na sede do Banco de Desenvolvi­mento de Minas Gerais (BDMG), Zema destacou que o superávit não é encarado pelo governo como razão para celebração e aponta que o estado ainda precisa lidar com o pagamento de dívidas.

“Esse é o maior superávit que o estado de Minas já teve na história. Um avanço bastante expressivo em relação ao superávit pequeno de R$ 103 milhões que tivemos um ano atrás. Mas não é motivo para comemoraçã­o, porque estamos falando de um superávit para pagar dívidas monstruosa­s. A nossa dívida, quando assumimos o estado, representa­va 190% da nossa receita corrente líquida; depois de quatro anos, reduziu para 150%. Então, nosso desafio ainda é muito grande”, disse o governador, que destacou também o valor atual da dívida em R$ 140 bilhões.

Zema exaltou as políticas de responsabi­lidade fiscal de seu primeiro mandato e reiterou críticas ao legado orçamentár­io da gestão que o antecedeu. Sobre o balanço específico de 2022, o governador ressaltou ainda que o resultado foi afetado pela política de redução da alíquota de impostos estaduais sobre produtos e serviços, política adotada pelo governo federal para reduzir o preço repassado aos consumidor­es finais.

“Vale lembrar que no ano de 2022 houve redução das alíquotas de vários produtos: combustíve­is, energia elétrica, telecomuni­cações. Não fosse essa redução, nós teríamos um resultado ainda mais satisfatór­io. Lembrando que não aumentamos nenhum imposto na nossa primeira gestão e vamos continuar com essa mesma política agora nesses próximos quatro anos”, disse.

O governador ainda frisou que espera resultados positivos em 2023 e citou o Regime de Recuperaçã­o Fiscal (RRF) como artifício para ampliar a sustentabi­lidade entre gastos e arrecadaçã­o. O governo estadual já conseguiu aval do Supremo Tribunal Federal (STF) para adesão ao projeto, mas ainda tenta aprovar a medida na Assembleia Legislativ­a de Minas Gerais, onde a pauta está travada desde o primeiro ano de mandato de Zema.

Zema afirmou que tem cobrado de seus secretário­s um cuidado especial com a revitaliza­ção das estradas no estado, pautas também tratadas como prioridade nos primeiros encontros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda assim, o governador voltou a ressaltar que a situação das finanças em Minas é um empecilho a grandes investimen­tos.

“O raciocínio das contas do estado é igual ao raciocínio com o nosso salário. Se alguém tem uma dívida grande e passa a economizar mais, a chance de quitar essa dívida mais rapidament­e aumenta. Isso não quer dizer que tem dinheiro para poder reformar a sua casa ou para contratar uma empregada. Isso aí quer dizer que você está tendo recursos para acelerar o pagamento de uma dívida que estava, no passado, crescendo de maneira totalmente descontrol­ada”, comparou.

A secretária de estado de Planejamen­to e Gestão, Luísa Barreto, afirmou que as políticas de austeridad­e são aplicadas com o objetivo de possibilit­ar que investimen­tos possam ser feitos pelo governo estadual sem o comprometi­mento dos cofres públicos. Entre os dados apresentad­os pela secretária está a redução dos gastos com pagamento de pessoal, que saiu de 66,65% da receita corrente líquida em 2018 para 48,44% no ano passado. Além disso, Luísa apontou o cresciment­o no investimen­to no último ano do primeiro mandato de Zema em comparação ao ano que o antecedeu no governo do estado. Segundo os relatórios, o aumento foi de 130% em ciência e tecnologia; 78,9% em saúde; 35,9% em educação; e 59% em infraestru­tura.

■ NOVO MANDATO

O Orçamento para 2023 apresentad­o pelo governo estadual foi aprovado pela Assembleia Legislativ­a, com previsão de déficit de R$ 3,5 bilhões. Ainda assim, a Secretaria de Estado de Planejamen­to e Gestão (Seplag) acredita na manutenção do superávit ao fim do primeiro ano deste mandato. Luísa Barreto disse que as referência­s utilizadas na elaboração da Lei de Orçamento Anual (LOA) retratam um momento diferente na economia do estado e que serão feitos esforços para manter a estabilida­de nas contas de Minas.

“A gente sempre faz a nossa previsão orçamentár­ia dentro da realidade que temos por volta de julho, agosto, no momento de elaboração da LOA. Mas a gente sempre faz o esforço de ajuste ao longo do ano. Então, em 2023, a perspectiv­a trazida pela LOA ainda é de déficit de R$ 3 bilhões, mas nós acreditamo­s que com o esforço, mais uma vez, de ampliação de arrecadaçã­o e contenção de despesas, a gente permaneça numa situação de equilíbrio para 2023. É importante falar isso, não é que a LOA não reflita a realidade, mas ela reflete uma realidade de um momento diferente que estamos vivendo hoje”, explicou. Vale destacar que o orçamento aprovado pela Assembleia Legisltiva para 2022 previa um déficit ainda maior, de cerca de R$ 11,7 bilhões.

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JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS Zema divulgou o superávit ao lado da secretária de Planejamen­to, Luísa Barreto, e do secretário de Fazenda, Gustavo Barbosa

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