O único caminho é a inclusão
ESG Fórum Diversidade no mercado de trabalho foi discutida em painel
No centro das discussões sobre diversidade, equidade e inclusão, temas propostos durante o segundo painel apresentado na tarde de ontem, no III ESG Fórum Salvador, a falta de oportunidade de emprego para pessoas trans e pessoas com deficiência (PCDs) foi trazida à tona pelas palestrantes Vitor Martins e Amanda Brito. Enquanto Vitor revelou que apenas 5% da população trans está no mercado formal, Amanda expôs que, entre os 18 milhões de PCDs existentes no Brasil, apenas 441 mil estão empregados. As duas destacaram a necessidade de enfrentamento dessa realidade e apontaram caminhos de solução baseados no diálogo e na educação.
Amanda Brito Orleans, que é cofundadora da startup baiana de impacto social Instituto AB, começou o discurso falando da sua experiência social. Ela, que é cadeirante e portadora de uma doença rara, contou que os médicos lhe deram expectativa de vida de dois meses. Hoje, aos 37 anos, Amanda declarou ter vencido o diagnóstico, embora não tenha experimentado a mesma sorte no que diz respeito às oportunidades no início da sua trajetória profissional.
Quando enfim conseguiu se estabelecer no mercado de trabalho, decidiu que iria ajudar outros PCDs. “Eu costumo dizer que eu trabalho hoje para fazer parte da última geração das primeiras, porque geralmente eu sou a primeira mulher com deficiência ocupando vários espaços e é extremamente desafiador ocupar esses espaços quando muitas pessoas não são educadas para entender que existe uma pessoa antes da deficiência”, declarou.
Já Vitor Castro, que é administradora e psicóloga trans, premiada pela Young Leader, Líder de Diversidade e Inclusão na Seap e Lin
Cofundadora da startup Instituto AB
O Afro Fashion Day é um lugar de protagonismo e celebração do poder da população negra e nasceu da angústia de perceber que Salvador não tinha um projeto que valorizasse a economia criativa, principalmente na moda Linda Bezerra,
Editora-chefe do CORREIO
A educação é o vetor que pode impulsionar o incremento de uma maior atenção à diversidade, à equidade e à inclusão Rodrigo Accioly kedin Top Voice, deu destaque à necessidade das organizações entenderem que suas responsabilidades de impacto social não se resumem à geração de emprego por si só, mas também à promoção da diversidade, o que inclui as pessoas trans.
“Se uma sociedade é formada por um conjunto de pessoas e um conjunto de instituições, não faz sentido dizer que a responsabilidade dessa organização seja assinar uma carteira de trabalho. É este debate que precisa ser aprofundado e colocado na crítica para que se ampliem as discussões”, pontuou.
No painel que abordou essas temáticas, também estavam presentes Linda Bezerra, editora-chefe do CORREIO; Rodrigo Accioly, presidente do Conselho de Administração do Grupo Aliança; e Mariana Paiva, escritora e colunista do CORREIO, que mediou a conversa.
Linda Bezerra trouxe o caso de sucesso do Afro Fashion Day (AFD), evento de moda negra realizado anualmente pelo jornal, para abordar a força do ‘S’ do ESG. O projeto, que existe desde 2015, já conta com nove edições, impactou mais de 100 mil pessoas, reuniu 574 modelos e 344 estilistas. Ao todo, ainda conquistou mais de 11 milhões de visualizações nas redes sociais.
“O Afro Fashion Day é um lugar de protagonismo e celebração do poder da população negra e nasceu da angústia de perceber que Salvador não tinha um projeto que valorizasse a economia criativa, principalmente na moda. Então, convidamos pessoas que trabalham nessa área, mas que ainda não têm a visibilidade e o reconhecimento que merecem, para enaltecê-las e mostrar à sociedade o seu brilho e talento”, enfatizou Linda.
Rodrigo Accioly, por sua vez, abordou os desafios para o avanço da garantia de diversidade nas organizações. Ele reconheceu que existe uma resistência por parte de muitas empresas, mas indicou a educação como o caminho para acelerar os passos que faltam. “A educação é o vetor que pode impulsionar o incremento de uma maior atenção à diversidade, à equidade e à inclusão. Vale lembrar aqui que não adianta falar de um ambiente diverso. A empresa precisa reconhecer que não sabe, precisa reconhecer, discutir e depois poder replicar”, defendeu.
Eu trabalho para fazer parte da última geração das primeiras, porque geralmente eu sou a primeira mulher com deficiência ocupando vários espaços Amanda Brito
Se uma sociedade é formada por um conjunto de pessoas e um conjunto de instituições, não faz sentido dizer que a responsabilidade dessa organização seja assinar uma carteira de trabalho Vitor Castro Administradora e psicóloga trans
Presidente do Conselho de Administração do Grupo Aliança