Saudade do trem doeu bastante foi nos bolsos
Trabalhadores que vivem no subúrbio ferroviário têm primeiro dia sem transporte barato
É claro que teve a saudade do trem, porém, o que os moradores do Subúrbio Ferroviário de Salvador mais sentiram, ontem, no primeiro dia útil sem o modal, foi o bolso doer. Acostumados a desembolsar R$ 1 pela viagem de ida e volta, os usuários agora são obrigados a pagar R$ 8,40 para se deslocar de ônibus, uma diferença de R$ 7,40. No mês, para quem usava o transporte de segunda a sexta, isso vai representar R$ 148 a mais no orçamento.
Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano Nelson Pelegrino, a tarifa de R$ 0,50 era simbólica, mantida pro subsídios do estado, e não sofreu reajustes ao longo de 19 anos como forma de compensar a baixa qualidade do serviço prestado pelos trens.
Outra queixa dos usuários é o tempo do deslocamento de ônibus. Em alguns casos, o que era 25 minutos aumentou para uma hora por conta das paradas nos pontos e do trânsito. Mariana Santos, 23 anos, comerciante, saía de Escada para a Calçada diariamente de trem. Para ela, as diferenças consideráveis no gasto com transporte ficaram nítidas já no primeiro dia. "Doeu no bolso, viu? Nosso quebra-galho era o trem, que deixava a gente vir trabalhar pagando pouco. Durante o mês, dependendo da quantidade de vezes que vinha, gastava R$ 20, no máximo. Só hoje (ontem), quase gastei metade disso".
Outra moradora do Subúrbio que viu sua situação se complicar foi Maria Pereira, 59, que trabalha na região circulando para vender amendoim. "Piorou e muito para mim. Para quem pagava um preço tão baixo, ver, de um dia para o outro, o valor subir foi ruim demais. Eu vendia circulando, rodando o Subúrbio. Agora, o jeito vai ser arranjar um ponto aqui na Calçada", disse.
ESPERA
Além do preço mais alto, os usuários também reclamaram do tempo gasto dentro dos ônibus. Quem pegava o trem, agora precisa de muito mais tempo para cumprir seus compromissos. É o caso de Jurandir Gomes, 58, consultor, que mora em Periperi. "Hoje (ontem) eu passei, por causa do engarrafamentos que sempre tem na Suburbana, uma hora dentro do ônibus para conseguir chegar na Calçada. Com o trem, só gastava 25 minutos. É ruim demais porque a gente fica mais cansado e pode até perder cliente que fica esperando", afirmou.
Ana Maria Teixeira, 40, ambulante, que mora em Plataforma, afirmou que o tempo gasto no caminho para as atividades que cumpre no dia a dia agora deve atrasar seus afazeres. "No Subúrbio, a gente consegue fazer quase tudo.
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