Bom Velhinho versão 2020
A Casa do Papai Noel do Salvador Shopping se adaptou a 2020. O espaço, a decoração e a logística precisaram ser adaptados a uma realidade de pandemia, em que os pequenos não podem mais abraçar ou sentar no colo do personagem. Os atores, que interpretam o símbolo do Natal não são mais aqueles da faixa dos 60 anos, pois fazem parte do grupo de risco. Em seus lugares estão os "novos Bons Velhinhos", que têm entre 25 e 33 anos, e precisam de uma caracterização ainda mais complexa, com maquiagem para envelhecimento dos traços, barba branca fake, peruca e uma barriga falsa.
Os Bons Velhinhos conversaram com a reportagem do CORREIO para falar sobre a experiência nova. Dois deles nunca interpretaram Papai Noel antes e o outro só entrou na figura do dono do trenó mais famoso do planeta em eventos familiares.
O ator Breno Fernandes, 26 anos, que já tinha atuado em outros papéis de idosos, como mago e avô, é um Noel de primeira viagem. "É um desafio e tanto. O roteiro é imprevisível, é a criança que decide. Eu preciso estar atento e preparado para seguir o diálogo que a criança deseja e isso acrescenta muito pra gente como profissional", diz. Apesar do rumo imprevisível, Bruno afirma gostar do contato com as crianças. "Tem sido maravilhoso", assegura.
Além daqueles pedidos singelos de quem não precisa de muito para ser feliz, tem também os mais complexos, que envolvem o bem-estar de todos, como o fim da pandemia, a saúde para as pessoas e um mundo mais feliz. São esses que mais emocionam Victor Fernandes, 25, ator que também é Papai Noel pela primeira vez. "Quando eles chegam e fazem os pedidos que, às vezes, têm mais a ver com o bem dos outros, é difícil não se encantar. Além disso, o que derruba a gente é o afeto. Ainda mais nesse período, com todo mundo privado de contato com as outras pessoas", fala.
Victor concorda que é um desafio lidar com um roteiro a cada criança. "É uma imersão. Você tá ali, tem ideias de uma coisa ou outra como a pergunta sobre como ela se comportou. Só que as crianças são espontâneas, decidem o rumo da conversa que vai para o ano delas, que vai para a família ou para os amigos. Então, a gente aprende a ficar nesse lugar da escuta e reagir, o que enriquece demais".